Dia Mundial da Saúde em 2020: novas reflexões e novas posturas para qualidade de vida mundial

Data comemorada em 7 de abril ganha destaque em meio à pandemia da Covid-19
Publicado em 07/04/2020 00:00 Atualizado em 27/07/2022 11:13
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Profissional de saúde em combate ao Novo Coronavírus
Profissional de saúde em combate ao Novo Coronavírus
Crédito: Organização Mundial da Saúde - OMS

O Dia Mundial da Saúde, comemorado anualmente em 7 de abril, foi instituído pela Organização Mundial de Saúde – OMS – em 1948, marcando o dia de criação da instituição. A data tem como objetivo conscientizar a população a respeito da qualidade de vida e dos diferentes fatores que afetam a saúde populacional.

Diante da pandemia da Covid-19, assim declarada pela OMS em 11 de março deste ano, o Dia Mundial da Saúde ganha ainda mais destaque, pois possibilita reflexões e adoção de novas posturas de governantes, de instituições e da sociedade civil com vistas à promoção efetiva do bem-estar de todos, em nível global.

Dados atualizados em 6 de abril mostram que "foram confirmados no mundo 1.210.956 casos de Covid-19 (77.200 novos em relação ao dia anterior) e 67.594 mortes (4.810 novas em relação ao dia anterior). O Brasil confirmou 12.056 casos e 553 mortes até a tarde também do dia 6 de abril. O Ministério da Saúde declarou que há transmissão comunitária da doença em todo o território nacional".

O maior temor de autoridades públicas mundiais e de profissionais da saúde, incluindo os brasileiros, é o adoecimento de um grande número de pessoas ao mesmo tempo, o que causaria colapso no sistema de saúde. No Brasil, o Sistema Único de Saúde – SUS, reconhecido internacionalmente como um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, enfrenta, há tempos, inúmeras dificuldades que se agravam e ficam mais evidentes diante da situação que estamos vivendo.

Por diversas vezes a falta de leitos em hospitais ou as longas filas de espera por atendimento já foram alvo de denúncias em programas de TV e na imprensa. Pesquisadores e especialistas da área apontam que há dois principais gargalos no sistema: o mau gerenciamento e o financiamento insuficiente. "Para Gonzalo Vecina, médico e superintendente do Hospital Sírio Libanês, o modelo do SUS é bom  e não precisa ser reformulado, é necessário melhorar a gestão administrativa, aumentando a produtividade do sistema".

Dados de 2015 revelam o subfinanciamento vivido pelo SUS: "naquele ano, o Brasil gastava cerca de 3,1% do PIB em saúde pública. São em média 525 dólares por habitante gastos anualmente no país. Em outras nações onde há sistema de saúde pública como aqui, investe-se, em média, 3 mil dólares anuais".

"Sérgio Piola, coordenador da área de Saúde do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, afirma que não há solução se não houver mais recursos, pois inclusive para a melhoria da gestão, seriam necessários investimentos. Segundo ele, também é preciso investir para que se resolvam as disparidades regionais; a população que depende do SUS nas regiões Sul e Sudeste, recebem muito mais serviços que os moradores do Norte e Nordeste".

"Dráuzio Varella destaca que há mudanças importantes a serem feitas em relação à concepção do sistema. Segundo ele, a saúde está focada na doença, mas é preciso focar na prevenção, é preciso agir antes. 'Uma medicina preventiva reduz as chances de doenças e, por consequência, reduz os gastos necessários com tratamento' ”.

As condições da ciência brasileira também entram em cena neste momento. Após cortes na área, em 2019, pesquisadores e cientistas foram chamados a contribuir na luta contra o Coronavírus, desde o seu mapeamento e identificação até a produção de vacinas e tratamentos para os doentes.

Para as editoras do “Cadernos de Saúde Pública”, revista científica da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, Marília Sá Carvalho, Luciana Dias de Lima e Cláudia Medina Coeli, "mesmo que os estudos científicos sejam fundamentais para orientar decisões imediatas, a ciência tem impacto significativo no futuro das sociedades, e a produção do conhecimento científico exige investimento de médio e longo prazos do poder público e da sociedade".

As editoras consideram ainda que "não adianta pedir urgência no desenvolvimento de vacinas se as condições para isto não tiverem sido criadas a tempo. Além disso, a desconfiança quanto à segurança das vacinas, incentivada por governantes, gera limitações que deverão ser enfrentadas no controle e mitigação dos danos da epidemia".

No enfrentamento ao Novo Coronavírus, a sociedade civil também desempenha papel fundamental, que extrapola o contexto presente, e a lança para possibilidades de novas atuações no futuro. Para além dos cuidados com a saúde pessoal e de familiares, que reforçam a importância da higiene, da alimentação saudável, da prática de exercícios físicos, enfim, de realmente se adotar um estilo de vida de qualidade.

A OMS define que saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Diante desse cenário incerto, de fragilidades e preocupações, o Dia Mundial da Saúde alerta que é preciso adotar novas posturas e criar uma realidade nova, com segurança por si mesmo e para com o próximo. Sim, a pandemia traz à tona a necessidade de se pensar e agir em coletividade, de exercer a cidadania, que, em época de globalização, ultrapassa fronteiras de países e nações.

Com informações de:

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875

https://portal.fiocruz.br/noticia/cadernos-de-saude-publica-ciencia-em-tempos-de-pandemia

https://www.politize.com.br/panorama-da-saude/

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