Sim, Elas Podem!

Projeto que incentiva participação de mulheres nas áreas de ciências, exatas e tecnologia está com inscrições abertas para cursos gratuitos

Os cursos serão ofertados entre os meses de junho e agosto, de forma presencial, no IFTM Campus Uberlândia Centro. As inscrições já estão abertas e seguem até dia 14 de junho
Publicado em 29/05/2023 18:27 Atualizado em 02/06/2023 19:05
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Equipe de bolsistas e voluntários e voluntárias da terceira edição do projeto
Equipe de bolsistas e voluntários e voluntárias da terceira edição do projeto
Crédito: Divulgação

Um dos projetos de extensão mais tradicionais do Campus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), chega, em 2023, a sua terceira edição. O projeto “Sim, elas podem!” visa incentivar a participação feminina nas chamadas áreas STEM (sigla em inglês que se refere à ciência, tecnologia, engenharias e matemática). Para tanto, o projeto vai ofertar, entre os meses de junho e agosto, de forma gratuita, cursos relacionados a essas áreas. As inscrições estão abertas até o dia 14 de junho e estão disponíveis 210 vagas, sendo 30 vagas para cada um dos cursos. As inscritas ficarão em um banco de dados e podem ser convidadas para novos cursos no segundo semestre. Para se inscrever, basta acessar o perfil do projeto no Instagram, pelo endereço www.instagram.com/projetosimelaspodem, e preencher um formulário de inscrição.

Os cursos são voltados para crianças e adolescentes a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e sem idade limite. O objetivo é passar noções de áreas importantes do STEM, como matemática básica, programação e empreendedorismo. Os cursos são todos gratuitos, serão desenvolvidos por bolsistas e voluntários do projeto e darão direito a um certificado de conclusão. Podem participar tanto estudantes do Campus, quanto pessoas da comunidade externa.

“O objetivo do projeto é motivar maior participação de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia e quando a gente olha para os cursos das áreas STEM, a gente tem, em média, 20% dos alunos mulheres e em alguns, como Física, o percentual de mulheres não chega nem a 10%. Nós temos um problema de desigualdade de gênero nessas áreas. Quando a gente tem uma participação mais igualitária vai funcionar melhor, pois cada um consegue contribuir de formas diferentes nessas áreas”, explica Crícia Felício, idealizadora e coordenadora do Sim, Elas Podem!

“Eu acredito que a baixa participação das mulheres é por não saberem da potencialidade que a área tem. O que eu busco com o projeto é mostrar esse potencial e mostrar que elas são importantes nessas áreas. Os cursos são introdutórios, mas queremos mostrar a a possibilidade de elas atuarem nessas áreas”, complementa Crícia.

Na primeira oferta de cursos do projeto em 2023 estão previstos oito cursos a serem ofertados no Campus Uberlândia Centro, em dias e horários diferentes. São eles: curso de Raciocínio Lógico (segunda-feira, das 13h30 às 14h30); curso de Introdução a HTML e CSS (segunda-feira, das 15h às 17h); curso de Evolução do Universo e da Vida (quarta-feira, das 14h às 15h15); curso de Introdução a Programação C++ (quarta-feira, das 15h30 às 17h30); curso de Matemática Básica (quarta-feira, das 16h às 17h); curso de Matemática Básica (quinta-feira, das 13h às 14h); curso de Programação de Jogos (quinta-feira, das 15h30 às 17h30); e curso de Empreendedorismo (sexta-feira, das 13h30 às 15h). É importante ressaltar que uma mesma participante pode fazer a inscrição para mais de um curso.

“Vamos fazer uma oferta agora e depois uma oferta de cursos para o segundo semestre. Vamos ficar até dia 14 com as inscrições abertas e a oferta começa logo em seguida. Estamos ofertando só cursos presenciais, mas é provável que no segundo semestre vamos ofertar online também”, antecipa a professora Crícia Felício.

Edições anteriores

A primeira edição do projeto “Sim, Elas Podem!” foi realizada em 2020, em plena pandemia, com a oferta de cursos online. À época, as atividades registraram a inscrição de 168 pessoas em cursos e rodas de conversa sobre o tema. Em 2022, projeto voltou a acontecer, com a oferta de quase 200 vagas, já na modalidade presencial. Em suas duas primeiras edições, portanto, foram mais de 350 pessoas beneficiadas.

“Na primeira edição, trabalhamos só com cursos da área de computação e no formato online, pois estávamos na época da pandemia. Foram quatro cursos. Na segunda edição, a gente expandiu para cursos de áreas da Ciências e ampliamos na área de Tecnologia. Na terceira edição, o que a gente tem de novidade são cursos da área de Gestão e também Matemática, como raciocínio lógico e matemática básica, até mesmo para auxiliar alunos em dificuldade, que tiveram déficit de aprendizado no período da pandemia”, explica Crícia.

Meninas na organização

 Buscar incentivar mulheres a ingressarem nas áreas STEM passa também por ter mulheres na organização da iniciativa. Além de ser uma proposta de uma professora, todas as quatro bolsistas e a maioria dos voluntários da atual edição são mulheres. Uma delas é a bolsista Amanda Silva, estudante do curso de Licenciatura em Computação, que entrou no IFTM Campus Uberlândia Centro em 2020 e logo se envolveu com a organização do projeto. Ela já foi bolsista e na atual edição continua atuando como voluntária.

“A experiência foi muito incrível, a Cricia foi ótima, me orientou e me incentivou. Cada ideia que tínhamos, cada proposta, ela sempre nos dava a liberdade para criar, e claro, nos ajudava nos momentos de dificuldade. Pude aprender muito, ler artigos, produzir materiais, dar aulas, monitoria — o que era muito importante para alguém que estava cursando Licenciatura em Computação — e tive a oportunidade de me desenvolver muito como pessoa e como profissional”, avalia Amanda sobre sua participação.

A estudante hoje atua na área de Desenvolvimento de Software e garante que pretende seguir incentivando meninas e mulheres a atuarem nas áreas STEM. “Temos a ideia de reforçar positivamente a importância da participação de mulheres nessas áreas, através da capacitação, incentivo, reconhecimento e respeito às que desejam estudar/trabalhar nessas áreas, mas que se sentem às vezes incapazes, às vezes desmotivadas, às vezes proibidas de se envolverem. Nessa edição, eu resolvi seguir como voluntária dessas ações tão importantes. Pretendo aprender muito e me desenvolver profissionalmente, para continuar a apoiar mulheres na STEM e ainda serei voluntária em várias edições desse projeto que tanto impacta”, vislumbra Amanda.

Para Ana Júlia Lisboa, do 3º ano do curso integrado em Desenvolvimento de Sistemas, o projeto Sim, Elas Podem começou a fazer parte de sua vida antes mesmo de ela se tornar estudante do IFTM. Hoje ela é bolsista do projeto pelo segundo ano consecutivo, mas sua primeira ligação as atividades se deu em 2020, quando ela participou dos cursos ofertados antes de ser estudante do Campus. À época, ela ainda tinha o sonho de fazer medicina e não considerava uma carreira na área de tecnologia, mas depois de fazer o curso de Programação em C++, um universo de possibilidades se abriu.

“Eu fazia programação em C++ todos os sábados e durante a semana eu ia fazendo exercícios de programação. Foi uma experiência totalmente nova para mim, eu nunca tinha feito nada relacionado à tecnologia. Eu já conhecia o IFTM e já pretendia cursar algum curso integrado ao Ensino Médio, mas não tinha nenhuma ideia do que eu queria fazer. O projeto foi muito importante nessa questão, pois por eu ter gostado de programação, eu escolhi Desenvolvimento de Sistemas. Atualmente, não me vejo mais fazendo medicina. Estou totalmente na área de tecnologia, eu me identifiquei com o curso e a medicina ficou para trás. Agora, eu pretendo fazer Enem este ano para fazer Sistemas de Informações aqui na UFU”, afirma a estudante.

Mais do que incentivar seu interesse pela área de tecnologia, Ana Júlia destaca que o projeto ressaltou outras vocações e habilidades. “O projeto me ajudou muito no meu crescimento pessoal, pois me desafiou a sair da minha zona de conforto. Ele me ajudou, por exemplo, na minha comunicação. A comunicação sempre foi algo com o qual eu tive muito problema, sou uma pessoa mais introvertida, não gosto de falar em público e ali, a todo instante, a gente tinha uma roda de conversa e eu tinha que expor minha opinião. Quando a gente começa a ofertar os cursos, os próprios alunos começam a dar aulas para as mulheres. Um dos momentos mais marcantes acontece em sala de aula, no primeiro dia de curso. Eu estava muito nervosa e comecei a gaguejar quando comecei a dar a matéria. E o projeto é muito bonito, pois cria uma rede de apoio entre as mulheres. Eu pedi desculpas, mas as alunas foram muito compreensivas e me disseram que estava tudo certo, pois ninguém nasce sabendo. Foi uma experiência que me marcou muito. Essa parte de compartilhar conhecimentos é muito importante. Eu estava ali dando aula, mas também estava aprendendo com as pessoas que estava me ouvindo. Foi maravilhoso participar”, acrescenta Ana Júlia.

“A gente parte de uma realidade que é a falta de representatividade que nós mulheres não temos nas áreas de STEM. Antes de começar a ofertar os cursos, a gente tem rodas de conversas nas quais a gente debate artigos e vídeos que trazem dados que nos deixam abismados. A gente vai trazer esses cursos que são somente uma sementinha para mostrar que essas meninas e mulheres podem, sim, estar nessas áreas e elas devem, pois é um direito nosso. Estar na organização é muito bom, pois assim como eu tive o sentimento de que podia seguir nessa área, agora, como integrante, eu tenho a sensação de realização, porque a gente vê várias meninas do sexto ano ou mulheres em transição de carreira e a gente está com elas mostrando que sim, elas podem estar ali”, finaliza.

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