Servidores do IFTM participam de curso de mediação de conflitos no ambiente acadêmico-escolar
Crédito: Guilherme Brasil/ Jornalista IFTM Udicentro
Mediar conflitos é uma atividade essencial para promover harmonia no ambiente acadêmico-escolar e por isso servidores do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) participaram, entre os dias 11 e 15 de dezembro, do Curso de Gestão e Mediação de Conflitos no Ambiente Acadêmico-Escolar, ofertado no Campus Uberlândia Centro. Mais de 30 servidores da Reitoria e de diversas unidades do IFTM participaram da formação, que foi coordenada pelo professor Helvécio Damis, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Ao lado dos professores Frank Silveira Miranda e Rosa Zaia Borges, também da UFU, Helvécio ofereceu uma programação que abordou pontos como a teoria em torno da mediação de conflitos, englobando a legislação, processos de mediação e conciliação extrajudicial, princípios orientadores e até simulação de técnicas. Entre os objetivos da formação estão modificar paradigmas institucionais, estimular relacionamentos interpessoais, capacitar equipes para gerir e negociar conflitos e capacitar facilitadores para gerir sessões de mediação.
Segundo o professor Helvécio, que atua na Faculdade de Direito com direito penal e justiça restaurativa, “foi um encontro muito produtivo. A gente teve oportunidade de tratar de vários assuntos na temática da mediação. O objetivo principal foi a formação teórica e no início do próximo ano a gente entra na parte da mediação prática para capacitar as pessoas para as atividades de mediação”.
“A mediação é importante porque hoje, muitas vezes, esses conflitos não são resolvidos de forma satisfatória e acabam chegando fora das instituições, causando um desgaste institucional, e é essencial que as instituições consigam fazer o enfrentamento das questões internas de uma forma que possa dar satisfação aos envolvidos, de modo que fiquem satisfeitos com o acordo final e ao mesmo tempo a gente estimula uma cultura de paz dentro”, completou o professor.
Comunicação não-violenta
Ao longo da formação, cada um dos professores apresentou pontos de vista em torno da mediação de conflitos. Professor da Faculdade de Medicina da UFU, Frank Silveira Miranda trouxe a questão da comunicação não-violenta. A partir da perspectiva do psicólogo Marshall Rosenberg, Frank explicou que esse tipo de comunicação acontece em quatro etapas: observação, sentimento, necessidades e pedido.
“A ideia da comunicação não-violenta é trazer um lugar de pensamento, de suspensão do julgamentos e melhora do respeito. A gente faz a mediação sem rotular as pessoas, não se envolvendo, não apontando vilões ou certo e errado. O mediador é alguém que vai ouvir as duas partes, sem julgamentos, e vai ajudar essas pessoas a se escutarem”, afirma o professor.
“Uma das necessidades humanas universais é acolhimento. Não tem certo, errado, bonito ou feio. Tem o outro. O outro é diferente de mim. Viver com gente diferente é que nos ensina a nos colocarmos em outros lugares. O que o outro tem de diferente de mim é o que eu não tenho e eu posso agregar a mim”, complementa.
Durante sua parte do curso, Frank indica livros e traz uma dinâmica usada por Rosenberg. Segundo ele, o psicólogo trabalhava com a metáfora da girafa, que é símbolo da comunicação não-violenta, pois é o animal terrestre com o maior coração. Alguns dos participantes usam um arco com orelha de girafa para simbolizar o animal.
“Você vai sempre ver o simbolismo da girafa, por ter o maior coração. Se eu estou recebendo a fala do outro com fala autêntica e escuta empática, eu vou acolher de forma mais amena o que vem do outro. As pessoas estão sendo capacitadas para fazer duas perguntas, que o Marshal fazia: o que está dentro de você e levou a esse conflito e como transformar sua vida em mais maravilhosa. Aqui é o lugar para isso”, finaliza o professor Frank.
Momento enriquecedor
Entre os 34 servidores participantes da formação, a técnica-administrativa Lucilene Lamounier, que atua na Coordenação de Gestão de Pessoas do Campus Uberlândia Centro, ressaltou a importância do encontro. “Foi excelente. Precisamos de muitas iniciativas nesse sentido. A professora Rosa nos trouxe o contexto histórico e crítico da mediação, o Helvécio e Frank dividiram muito bem a pauta entre a dinâmica e legislação, e o grupo ficou muito interessado e envolvido”, afirma.
“A mediação é para evitar o escalonamento. Ela ocorre porque o conflito já está estabelecido, mas a gente não consegue ficar trabalhando apenas para resolver. Precisamos trabalhar a prevenção, justamente porque estamos num ambiente escolar e aqui é o espaço de educação. Se não fizermos um trabalho de conscientização permanente para que as relações sejam menos conflituosas e a gente construa uma cultura de paz, isso perde todo o sentido. Aqui temos públicos diversos e cada um com sua demanda, sua própria razão, e por isso precisamos trabalhar a mediação. Por isso esse treinamento foi muito importante e ainda terá desdobramentos para construir uma cultura de paz”, finaliza.