Agrônomo de bolso

Equipe do IFTM conquista prêmio em Hackathon com IA que facilita a vida de produtores agropecuários

Com projeto UAIgro, grupo com estudantes do IFTM Campus Uberlândia Centro e Uberlândia ficou em segundo lugar no 2º Hackathon Biofy em Uberlândia
Publicado em 23/04/2025 11:42 Atualizado em 25/04/2025 12:12
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Grupo do IFTM que conquistou o segundo lugar no Hackaton e R$4 mil em prêmio
Grupo do IFTM que conquistou o segundo lugar no Hackaton e R$4 mil em prêmio
Crédito: Divulgação

Um grupo de estudantes do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), conhecido como equipe UAI.py, — com membros do Campus Uberlândia Centro, Campus Uberlândia e egressos do IFTM que estão em outras instituições — conquistou o segundo lugar e um prêmio de quatro mil reais no 2º Hackathon Biofy. A competição, uma maratona de inovação focada em tecnologia e inteligência artificial, ocorreu em Uberlândia entre os dias 28 e 30 de março. A equipe foi premiada pela criação do "UAIgro", um assistente inteligente para o agronegócio, ficando com parte da premiação total de treze mil reais do evento.

O evento reuniu estudantes e profissionais com o desafio "AI Changing the Game", que exigiu o uso de Inteligência Artificial (IA) para criar soluções tecnológicas. A equipe UAI.py focou nos desafios do campo e propôs o UAIgro, definido por Marcos Paulo como "uma solução inteligente". A ferramenta funciona como um assistente virtual acessível pelo WhatsApp, aplicativo de fácil uso e já popular entre os trabalhadores do campo. Por meio dele, o usuário pode enviar dados sobre sua lavoura ou um problema específico de diversas maneiras – por áudio, texto, PDF ou até mesmo imagem. A Inteligência Artificial da plataforma analisa essas informações, considerando o histórico e o contexto de cada usuário.

Um produtor de milho, por exemplo, caso identifique uma alteração em suas plantas, pode enviar uma foto via whatsapp ou um áudio descrevendo a situação e a Inteligência Artificial da UAIgro vai analisar a questão e propor soluções. “A partir da imagem, a ferramenta vai te responder os possíveis problemas e possíveis diagnósticos, sem excluir a figura do agrônomo, mas servindo de auxílio técnico para as duas partes”, afirmou Marcos Paulo Lima Rezende, estudante de agronomia do Campus Uberlândia, que representou a equipe durante o pitch feito no Hackaton.

“É como se o produtor estivesse conversando com uma pessoa no WhatsApp que vai tirar as dúvidas desse produtor. Se ele verifica uma doença na planta, ele vai tirar uma foto e enviar para a nossa inteligência artificial, que vai gerar um relatório com o possível diagnóstico e possíveis soluções. Caso ele tenha um PDF com um laudo técnico em mãos, ele pode enviar esse laudo para a IA, que vai traduzir para uma linguagem de fácil entendimento. O produtor também pode enviar um áudio para tirar uma dúvida qualquer que ele tenha. É como se fosse um chat GPT, só que hipercontextualizado, feito para aquela finalidade, então você consegue ter uma resposta mais precisa e adaptada àquela situação”, explica Vinícius Oliveira Magalhães, estudante do curso de Licenciatura em Computação do Campus Uberlândia Centro.

Durante o pitch do evento, a equipe apresentou ainda o modelo de negócios a partir do qual poderiam monetizar a ideia. Eles criaram uma plataforma de assinatura para o produtor, com mensalidades. Na versão gratuita, o produtor pode experimentar a ferramenta com direito a três relatórios básicos. Na versão intermediária, cujo preço sugerido é de R$24,99 por mês, o produtor teria direito a relatórios avançados por mês, até 50 interações por mês e suporte dedicado. O modelo de negócios ainda traz uma opção corporativa, voltada para grandes produtores, cujo preço é definido de acordo com a necessidade do demandante.

A equipe que participou do Hackathon reuniu talentos de diferentes áreas e instituições. Do IFTM Campus Uberlândia Centro, participaram Ana Clara Custódio, André Luiz Vicente Silva, Luan de Assis dos Santos e Ruan Pablo de Assis Neres (Tecnologia em Sistemas para Internet); Andressa Francisco Vieira e Vinícius Oliveira Magalhães (Licenciatura em Computação). O grupo também contou com Marcos Paulo Lima Rezende, do curso de Agronomia do IFTM Campus Uberlândia; e Isaque Miranda Silva, estudante de Economia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Agrônomo de bolso

Durante a maratona, a equipe UAI.py ajustou o rumo do projeto após conversar com mentores e produtores rurais. A ideia inicial, mais genérica, foi substituída por uma proposta prática, acessível e voltada para as dores reais do campo: uma inteligência artificial capaz de analisar documentos, áudios, imagens e mensagens de texto recebidas pelo WhatsApp e oferecer respostas ágeis e contextualizadas. A ferramenta foi pensada para funcionar como uma espécie de apoio técnico direto ao produtor.

“Para o produtor, funcionaria como se fosse um agrônomo de bolso. Ele conseguiria diagnosticar alguns problemas rápidos e tomar decisões com mais agilidade, o que faz diferença real no campo”, explica Marcos Paulo, estudante de Agronomia do IFTM Campus Uberlândia.

Para ele, o diferencial da equipe foi a multidisciplinaridade e a bagagem trazida pela vivência acadêmica. “A gente subiu no pódio porque tinha uma equipe diversa, que entendeu uma dor real e buscou uma solução simples. E o IF traz uma bagagem gigantesca pra isso. As provas, os trabalhos, os seminários, tudo isso prepara a gente para subir no palco, apresentar e vender a ideia.”

Num Hackaton, a ideia é desenvolver uma ideia e um plano de negócios em torno dela dentro de um tempo delimitado. Apesar de o grupo ter feito um plano de assinaturas a partir do qual seria possível comercializar o “agrônomo de bolso”, os integrantes reforçam que a ideia no futuro é disponibilizar a tecnologia de forma gratuita. “Não pensamos em transformar isso em uma empresa, mas como um dos critérios de avaliação do hackathon era a viabilidade técnica e econômica, criamos este modelo de negócio para o evento especificamente. Porém, nosso protótipo foi construído pensando em uma infraestrutura barata e fácil de escalar, então boa parte da tecnologia vai ser reaproveitada no projeto da Uaipy, e será disponibilizada de forma open source como parte do projeto”, explica André Luiz Vicente Silva, estudante do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet do Campus Uberlândia Centro.

Impulso para a Competição Mundial

Mais do que o prêmio, a conquista que a equipe Uai.Py teve no Hackaton serve como impulso para novos voos. O grupo está classificado para Robocup 2025, considerada uma competição de robótica de nível mundial, que acontecerá em Salvador, entre 15 e 21 de julho. A vaga foi assegurada após a equipe receber a menção honrosa, maior premiação da Mostra Nacional de Robótica (MNR) de 2024, realizada em Goiânia como parte do maior evento de robótica do país, o ROBÓTICA. A classificação veio pelo destaque do trabalho interdisciplinar desenvolvido por estudantes de diferentes cursos e campi do IFTM, além de outras instituições parceiras.

Segundo Vinícius Oliveira Magalhães, o prêmio no Hackaton vai ajudar a viabilizar a participação da equipe na Robocup 2025. “O valor de R$4 mil reais será fundamental para viabilizar a ida da equipe à Robocup 2025, que acontecerá em Salvador. Esse recurso será destinado, principalmente, ao custeio das passagens aéreas e da estadia dos integrantes do grupo durante o evento. O valor não cobre todos os custos envolvidos, por isso ainda estamos em busca de bolsas e auxílios complementares. Mesmo assim, esse prêmio representa um passo importante para garantir que a equipe possa participar presencialmente da competição e dar continuidade ao projeto”, afirma Vinícius.

O projeto que garantiu a vaga na Robocup foi o “UAI.PY: Facilitando o Acesso às Soluções de Internet Das Coisas”. A iniciativa consistiu na criação de uma central de tratamento de dados (CDT), construída a partir da adaptação de TV boxes doadas pela Receita Federal, capaz de gerenciar sensores para diversas aplicações de Internet das Coisas. Na MNR, o foco foi demonstrar seu uso no monitoramento meteorológico de lavouras, utilizando uma estação com múltiplos sensores (umidade, temperatura, chuva) para otimizar a produtividade agrícola, um sistema que a equipe pretende aprimorar com Inteligência Artificial para a competição mundial.

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