IFTM Campus Uberaba Parque Tecnológico recebe Projeto Justiça nas Escolas e promove debate sobre violência, bullying e saúde mental
Crédito: Comunicação Campus Uberaba Parque Tecnológico
O Campus Uberaba Parque Tecnológico do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) sediou, nesta segunda-feira (23), uma importante ação de conscientização com a participação do Projeto Justiça nas Escolas. O evento, que contou com a participação de estudantes dos cursos técnicos em Computação Gráfica, Eletrônica e Desenvolvimento de Sistemas, além de professores e técnicos administrativos, lotou o auditório do campus.
O projeto é fruto de uma parceria com a Vara da Infância e Juventude e tem como objetivo disseminar a cultura de paz e promover a conscientização sobre os direitos e deveres de crianças e adolescentes no ambiente escolar. Desde sua criação em Uberaba, o projeto já impactou diretamente cerca de 5 mil estudantes adolescentes e mais de 300 profissionais da educação, incluindo professores e diretores. Além de Uberaba, os municípios de Uberlândia e Patrocínio também participam da parceria.
A convidada da vez foi Mara Soares, agente voluntária da Vara da Infância e Juventude, que conduziu uma palestra profunda e sensível sobre temas de grande relevância social: prevenção ao bullying e cyberbullying, saúde mental e emocional de adolescentes. A palestrante compartilhou dados estatísticos, relatos de casos reais e orientações práticas sobre acolhimento, reforçando a importância de ações preventivas e da escuta ativa no ambiente escolar.
Durante sua apresentação, Mara abordou os diferentes tipos de violência que afetam crianças e adolescentes, explicando com clareza os seguintes conceitos:
- Violência
física: atos que comprometem a integridade ou causam sofrimento
físico.
- Violência
psicológica: situações recorrentes de exposição a comportamentos
que prejudicam o desenvolvimento emocional, como discriminação,
humilhação ou alienação parental.
- Violência
sexual: qualquer conduta que envolva a criança ou adolescente em
atos libidinosos, inclusive por meios digitais.
- Violência
institucional: revitimização causada por órgãos públicos que falham
em proteger e acolher adequadamente as vítimas.
- Negligência
e abandono: omissão de cuidados básicos, físicos e emocionais,
comprometendo o bem-estar da criança.
Mara também destacou a atuação do Hospital de Clínicas da UFTM, referência tipo II na assistência a vítimas de violência sexual. Ela enfatizou que o atendimento deve ser feito, preferencialmente, em até 72 horas após a agressão — mas pode ocorrer em até 10 dias para a coleta de vestígios — e não depende de boletim de ocorrência para ser realizado.
Outro ponto importante da palestra foi a discussão sobre trabalho infantil e os perigos da comunicação online, alertando para os riscos de aliciamento e exploração nas redes digitais. Mara trouxe ainda reflexões sobre o bullying, definido por lei como "intimidação sistemática, individual ou em grupo, de forma intencional e repetitiva, sem motivação evidente", e apresentou os diferentes tipos de agressão, inclusive no ambiente virtual.
Ela ressaltou ainda os avanços legislativos com a promulgação da Lei 14.811/2024, que estabelece penalidades mais rigorosas para atos infracionais relacionados à violência escolar.
Segundo o professor Bruno Rodrigues de Oliveira, "apesar de muitos adolescentes já conhecerem o tema, é fundamental que o campus continue promovendo ações educativas e fortaleça os canais de atendimento, como o Conselho de Ética".
Ao final do encontro, Mara reforçou a importância da prevenção e do diálogo como ferramentas essenciais para a construção de um ambiente escolar mais seguro e acolhedor. “Esperamos que a gente não precise chegar às emergências. O melhor caminho é sempre a prevenção e a escuta”, afirmou.
O juiz titular da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Uberaba, Marcelo Geraldo Lemos, também deixou sua mensagem de conscientização:
“Nosso papel principal é garantir, de forma efetiva e prioritária, os direitos das crianças e adolescentes. Todos nós somos responsáveis. A escola deve ser um espaço seguro, inclusivo e com equidade. Respeitar as diferenças é o mínimo que se espera em uma sociedade justa.”
A servidora Patrícia Lírio Costa, Diretora Executiva e responsável pela Unidade de Gestão da Integridade do IFTM, destacou a importância da iniciativa:
“é de extrema importância participar de eventos como esse para ampliar o conhecimento sobre o assunto, em especial pelo fato de estarmos numa instituição de ensino e lidarmos diariamente com estudantes. Ter conhecimento sobre as ações e ferramentas do judiciário para auxiliar na assistência dos estudantes que passam por violências é imprescindível para viabilizar a formação integral destes estudantes.”
Com esse evento, o IFTM reafirma seu compromisso com a educação cidadã e com o bem-estar dos estudantes, fortalecendo o papel da escola como espaço de acolhimento, orientação e transformação social.