Estudantes do curso técnico em Administração integrado ao Ensino Médio do IFTM Campus Uberaba participam de palestra sobre letramento racial
Crédito: Antenor Roberto Pedroso da Silva
No último sábado letivo, 28 de junho, os alunos do curso técnico em Administração integrado ao Ensino Médio do IFTM Campus Uberaba participaram da palestra "Letramento Racial – caminhos para uma sociedade mais justa", conduzida pelas fundadoras do coletivo Black Zambhi, Aline Rosa e Morena Monallisa Moreira. Realizada no auditório do Bloco Administrativo, a atividade propôs uma roda de conversa entre estudantes e professores sobre consciência racial, protagonismo negro e transformação social.
Temas como racismo estrutural, compliance antidiscriminatório e a Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, estiveram no centro das discussões. As palestrantes apresentaram a atuação do coletivo na formação de redes de apoio, orientação de gestores e aplicação de metodologias afrocentradas no ambiente escolar.
A proposta da Black Zambhi inclui assessoria pedagógica personalizada, oficinas, projetos educativos e atividades práticas que promovem a valorização da identidade negra e o enfrentamento de práticas discriminatórias. Literatura infantil afrocentrada, brinquedos pedagógicos e escuta ativa são algumas das ferramentas utilizadas na abordagem formativa.
Aline Rosa destacou que os estudantes demonstraram escuta atenta e participação ativa. Segundo ela, a formação antirracista ainda é uma urgência nas instituições de ensino. “Gostaria de expressar minha gratidão pelo convite para ministrar a palestra. Durante o percurso da atividade, diversos alunos se sentiram à vontade para compartilhar relatos de situações de racismo vivenciadas dentro da própria instituição. Também surgiram dúvidas bastante pertinentes à temática e às formas como o racismo se manifesta no cotidiano escolar.”
A palestrante observou que a aplicação da Lei 10.639/2003 ainda enfrenta desafios, especialmente devido à ausência de políticas institucionais de acolhimento e à falta de formação adequada dos docentes. “Acredito que a palestra despertou, em muitos estudantes, uma nova perspectiva sobre as raízes históricas do racismo e a urgência de combatê-lo em diferentes esferas sociais”, afirmou.
Para ela, é fundamental que instituições de ensino adotem estratégias mais consistentes, como a contratação de consultores com experiência em práticas étnico-raciais. “Somente com esse compromisso efetivo e estruturado será possível transformar a instituição em um espaço verdadeiramente antirracista, seguro e acolhedor para todos(as).”
O professor Marcelo Torres, organizador da palestra, avaliou que a atividade evidenciou a importância do tema também entre os servidores. “Ficou claro que ainda estamos distantes de um cenário ideal de repúdio a atitudes discriminatórias, não apenas entre os alunos, mas também entre nós, professores, TAEs e gestores.” Para ele, é necessário ampliar a formação com novas ações voltadas a estudantes e profissionais.
Os estudantes relataram o impacto da experiência. Traycy Stephanie Andrade Lima afirmou que a palestra foi essencial para reconhecer comportamentos racistas naturalizados: “A palestra foi muito importante para entendermos as questões culturais e estruturais do racismo", declarou. "Aline comentou que, se não incomodasse, não faria efeito — e realmente me incomodou, me fez pensar em como posso estar reproduzindo atitudes racistas e como posso melhorar. Todo mundo deveria ter essa experiência.”
Matheus Henrique Costa também compartilhou suas impressões: “A palestra foi uma experiência enriquecedora e trouxe reflexões importantes sobre o que realmente é o racismo e por que ele não deve ser tolerado em nenhuma circunstância.” Segundo ele, o encontro promoveu uma aula de inclusão social e emocionou os participantes: “Foi uma aula com muito conteúdo e diversidade, que nos fez pensar de forma mais crítica.”
Já Lucas Gabriel Ramos da Costa pontuou que o conteúdo contribuiu para a conscientização sobre atitudes racistas e a necessidade de apoiar vítimas de discriminação. “Pudemos aprender mais sobre os tipos de racismo, como evitá-los e, principalmente, como ajudar as vítimas. Esse tipo de conhecimento é essencial para transformar nosso comportamento e nossas atitudes no dia a dia.”
A atividade integrou o conjunto de ações formativas do IFTM Campus Uberaba e demonstrou o compromisso da instituição com a construção de espaços de escuta, acolhimento e transformação social, pautados na equidade racial.