Pesquisa de estudante usa divulgação científica para disseminar a cultura sobre o oceano e vida marinha no interior do Brasil
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A cidade de Uberlândia está a mais de 600 quilômetros do litoral, mas uma pesquisa desenvolvida no Campus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), está trabalhando com divulgação científica para disseminar conhecimento sobre os oceanos, a vida marinha e sua importância para o planeta. A estudante Samarah Stephany Gazana de Souza, do 3º ano do Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas Integrado ao Ensino Médio, está desenvolvendo a pesquisa "Cultura Oceânica no Interior", projeto que busca utilizar divulgação e comunicação científica para difundir a cultura oceânica no interior. Por meio de posts nas redes sociais do Campus, informativos, intervenções e oficinas, o projeto quer incentivar o interesse da comunidade interna e externa pela temática.
Samarah foi contemplada com uma bolsa de Iniciação Científica Júnior do CNPq após conquistar medalha de prata na IV Olimpíada Brasileira do Oceano (O2) 2024, na modalidade Prova de Conhecimentos. A olimpíada, organizada pelo programa de extensão Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avalia conhecimentos interdisciplinares sobre temas ligados à vida marinha e à relação entre oceano e sociedade. A prova realizada por Samarah envolvia conteúdos de disciplinas tradicionais como biologia, geografia e química, articulados à temática oceânica. “Na prova, caíram temas como biomas, nutrientes que os rios carregam até a zona costeira e os impactos da poluição nos oceanos”, explicou a estudante.
A classificação garantiu à aluna uma das 61 bolsas oferecidas para estudantes de escolas públicas, com vigência de oito meses e foco em projetos de divulgação científica. Sob orientação do professor de Biologia Héberly Fernandes Braga, a pesquisa envolve atividades de comunicação e sensibilização, como publicações informativas, oficinas e intervenções no campus e junto à comunidade externa. “Durante a Semana do Meio Ambiente, ela fez uma oficina de gamificação sobre questões da vida oceânica. Ela apresentou 30 questões dentro da temática dos oceanos, desde curiosidades, em níveis fáceis e difíceis”, relatou o docente.
Segundo Héberly, os resultados da oficina demonstraram o quanto os estudantes ainda se baseiam em conhecimentos superficiais ou equivocados. “Percebemos que os alunos se pautam mais sobre o que é publicado na mídia, sem muito aprofundamento. Existe uma interrelação entre interior e oceano, oceano e interior, e o projeto da Samarah vai buscar demonstrar isso”.
Pesquisar e comunicar o oceano
Além da abordagem científica, o projeto também mobiliza competências como comunicação, organização, senso estético e criatividade. “O desenvolvimento do projeto envolve diferentes habilidades que estão sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas. Habilidades estas importantes para seu desempenho escolar ou mesmo para a vida”, avaliou o professor.
Para Samarah, a participação na olimpíada e a conquista da bolsa têm sido experiências transformadoras. “Esse projeto está me ensinando muito. Estou mudando hábitos, aprendendo a pesquisar mais e refletindo sobre o impacto das nossas ações. Ainda penso em seguir a carreira técnica, mas essa experiência está marcando minha vida”.
A estudante ainda ressaltou o incentivo recebido do professor e a importância de ocupar espaços na ciência, especialmente para meninas. “Nós, meninas, precisamos quebrar estereótipos e ocupar todos os espaços, seja na ciência, tecnologia ou onde quisermos. Eu sou da área de TI (Tecnologia da Informação) e acredito muito na igualdade de gênero, principalmente na pesquisa e na inovação”.
Olimpíada Brasileira do Oceano
A Olimpíada Brasileira do Oceano (O2), que chega à sua quinta edição em 2025, é realizada em três modalidades: Prova de Conhecimentos, Projetos Socioambientais e Produções Artísticas, Culturais e Tecnológicas. A prova que Samarah realizou foi individual, com múltipla escolha, e adaptada ao seu nível de ensino.
Além da certificação e medalhas, estudantes de escolas públicas premiados com ouro, prata ou bronze na modalidade de conhecimentos foram convidados a participar da seleção para as bolsas do CNPq. A seleção priorizou meninas, estudantes de municípios com baixos indicadores sociais e alunos de grupos historicamente excluídos, como indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e egressos do sistema socioeducativo.
A partir do projeto em desenvolvimento no IFTM, Samarah deseja dar continuidade à pesquisa e explorar novas possibilidades. “Quero continuar pesquisando temas ligados ao oceano e, quem sabe, até escrever um artigo no futuro. Espero que esse projeto seja um passo importante na minha trajetória”, disse.
O professor Héberly, por sua vez, destaca o potencial transformador da olimpíada. “Ela oportuniza ao estudante conquistar medalhas com maior facilidade, o que reverbera em motivação, autoconfiança e sensação de desafio superado. Além disso, os estudantes mais bem classificados podem desenvolver um projeto e se aprofundarem ainda mais no assunto, aperfeiçoando seus conhecimentos”.