Dança que encanta

Grupo do IFTM Campus Uberlândia Centro se destaca no 31º Festival de Dança do Triângulo

Espetáculo “Eu sou uma, mas não ando só” conquista 2º lugar em Mostra Competitiva de Danças Populares
Publicado em 30/07/2025 10:47 Atualizado em 31/07/2025 12:13
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Grupo de estudantes do Campus Uberlândia Centro arrancou aplausos da plateia durante apresentação no Festival de Dança
Grupo de estudantes do Campus Uberlândia Centro arrancou aplausos da plateia durante apresentação no Festival de Dança
Crédito: Divulgação

O espetáculo “Eu sou uma, mas não ando só”, desenvolvido no Campus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), encantou o público presente no Teatro Municipal de Uberlândia nesta terça-feira (29). Um grupo de 15 dançarinos do Campus, estudantes do Ensino Médio Integrado, participou da Mostra de Danças Populares, uma das atrações do 31º Festival de Dança do Triângulo, e conquistou o segundo lugar na competição.

O grupo se destacou entre 34 apresentações que ganharam o palco do Teatro, não apenas pela premiação, mas pelos efusivos aplausos que recebeu. O professor de Arte Dickson Duarte, idealizador do espetáculo, destacou que, mais do que o prêmio, o reconhecimento consolida o trabalho do grupo e abre novas perspectivas para o futuro.

"O bom resultado obtido no Festival vai para além da colocação, considerando que o grupo do IFTM concorreu com renomadas escolas de dança com trajetórias já estabelecidas na cidade e na região. Considero que o maior ganho foi a possibilidade de participar do evento e estabelecer trocas com outros artistas. Também é importante destacar a representatividade institucional do IFTM e o nosso compromisso com a educação de qualidade que ultrapassa os contextos da tecnologia, pois forma também o estudante para o mundo da criatividade, da subjetividade e da possibilidade de compreender o mundo pelos viesses da arte", destaca o professor. “O 2º lugar, dentre os 34 trabalhos apresentados na noite, traz uma perspectiva nova para o grupo, que vem cada vez mais compreendendo a importância de se consolidar como um grupo artístico no contexto do IFTM Campus Uberlândia Centro”, completa.

O espetáculo foi desenvolvido no contexto da Unidade Curricular Politécnica (UCP) “Corpo Ancestralidade: Oficinas de Danças Afrobrasileiras” e busca articular elementos de diferentes matrizes negras como capoeira, dança de rua e carimbó atravessados pela teatralidade e elementos técnicos da dança contemporânea. Como argumento, apresenta a potência significativa de mulheres pretas brasileiras numa perspectiva das representatividades e das referências pretas positivas. Textos da escritora Cristiane Sobral e a voz da cantora Sued Nunes conferem uma atmosfera sagrada ao mesmo tempo que propõem a reflexão das subjetividades pretas e coletividade.

No Festival, os estudantes apresentaram uma versão condensada da apresentação e a participação no evento ampliou a experiência de aprendizagem dos integrantes do grupo. “O trabalho apresentado foi um condensação de cinco minutos, tempo estabelecido pelo Festival, mas entregou toda a energia e passou o recado. O grupo, formado por 15 estudantes da UCP Corpo e Acestralidade, participou de diversas atividades, como palestra e mesa redonda, além de terem a chance de ver outros grupos. A oportunidade da dança num palco profissional, com todo o aparato de som e luz, também confere uma experiência de aprendizado para a vida de cada uma dos estudantes participantes”, avalia Dickson Duarte, que conta com a parceria das professoras Flávia Gomes e Eleide Paiva no desenvolvimento das atividades com o grupo.

Outros palcos estão por vir

O espetáculo “Eu sou uma, mas não ando só” já ganhou diversos palcos na região do Triângulo Mineiro, com participação em eventos do IFTM e outros externos. Em 2024, por exemplo, o grupo marcou presença no Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais (Conerer), em Paracatu, e este ano o grupo já tem presença confirmada no mesmo evento, que acontecerá na cidade de Patos de Minas.

Segundo Dickson, o Conerer 2025 vai reservar novidades, pois o grupo pretende estrear na ocasião um novo espetáculo, que vai se basear na cultura indígena. “Ao retornar do recesso o grupo iniciará um novo processo de pesquisa para a criação da próxima coreografia, que vai explorar com ênfase o universo das etnias indígenas do Triângulo Mineiro, como Xakriabá e Krenak. O trabalho será desenvolvido a partir da pesquisa da estudante Manuella Serafim, que tem ancestralidade indígena e é a atual bolsista de pesquisa. Esse trabalho também dialogará com técnicas das danças urbanas, buscando estabelecer aproximação entre esses dois mundos”, antecipa o professor.

Também está em negociação uma apresentação do grupo em um evento na cidade de Uberaba, no mês de setembro. Segundo Dickson Duarte, a ideia é que em 2026 a agenda do grupo de dança seja ampliada. “Para 2026, a expectativa é que o grupo possa participar de outros festivais profissionais de dança na região e em outros estados com objetivo de divulgar a qualidade e o compromisso educativo desenvolvido no Campus Uberlândia Centro. Para tanto, o grupo busca fortalecimento institucional e outros apoios, tanto interno quanto externo”, finaliza.

Mais que um Palco, um Pilar na História e no Futuro de Uberlândia

O 31º Festival de Dança do Triângulo é um dos eventos culturais mais significativos de Uberlândia e do Brasil, o que torna a conquista dos estudantes do IFTM Campus Uberlândia Centro ainda mais relevante. Segundo Vanilton Lakka, presidente da comissão organizadora, o festival nasceu em 1986 do desejo de democratizar o acesso à dança. O que começou com balé clássico e dança de salão, ao longo das décadas foi acolhendo novas comunidades e linguagens, da dança árabe à dança de rua, tornando-se um reflexo da diversidade da cidade. 

A programação do festival evidencia sua complexidade e alcance. O evento é estruturado em diversas frentes, incluindo a Mostra Competitiva e Não Competitiva, que abrange diversas modalidades e categorias. Há também mostras específicas, como de K-pop e Catira; "Palcos Livres", que levam a dança para hospitais, shoppings, parques e até outras cidades da região; e convidados, com companhias de outros estados e até uma atração internacional, diretamente da Espanha. Além das apresentações, o Festival ainda conta com um Seminário Pedagógico a partir do qual são oferecidas oficinas, palestras e mesas-redondas.

É nesse ecossistema fértil que o sucesso de grupos jovens, como o do IFTM, ganha um significado especial. Ao conquistar destaque na Mostra de Danças Populares, os estudantes do ensino médio não apenas validaram seu trabalho artístico, mas também personificaram um dos principais objetivos do festival: formar cidadãos e potenciais profissionais. Para Vanilton Lakka, a experiência de participar de um projeto de dança nessa fase da vida é transformadora e vai muito além da técnica. 

“A dança é arte. Além de contribuir com a formação do indivíduo, seja do ponto de vista da coordenação motora, do entendimento do próprio corpo, ela também influencia a perspectiva estética, política, social e cultural e ainda oferece a possibilidade econômica, pois a arte acaba gerando muitos postos de trabalho. E mesmo que a pessoa não vá trabalhar profissionalmente, o fato de se aproximar de um grupo de dança oferece uma experiência de envolvimento coletivo. Nesse sentido, para alguém que está nessa faixa etária, tem muito a acrescentar”, avalia Vanilton.

Outras informações podem ser obtidas no site do 31º Festival de Dança do Triângulo do evento ou no perfil do instagram do evento.

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