Experiência Internacional

De Uberlândia para o Mundo: estudante do IFTM Campus Uberlândia Centro relata experiência transformadora em intercâmbio na Inglaterra

Gabriel Rodrigues da Silva compartilha aprendizados, amizades e o desenvolvimento pessoal que a vivência internacional lhe proporcionou
Publicado em 06/08/2025 13:45 Atualizado em 11/08/2025 10:22
Compartilhe:
Compartilhe:
Gabriel em um dos momentos turísticos do seu intercâmbio para a Inglaterra
Gabriel em um dos momentos turísticos do seu intercâmbio para a Inglaterra
Crédito: Arquivo Pessoal

O Campus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), coleciona estudantes que tiveram experiências internacionais. Gabriel Rodrigues da Silva, do 3º ano do curso técnico de Programação de Jogos Digitais Integrado ao Ensino Médio, foi o último a viver experiência. No primeiro semestre, ele participou de um intercâmbio de duas semanas em Cambridge, na Inglaterra, depois de ter sido selecionado no Projeto Eurotunnel – Edição 2025. A vivência, que marcou não apenas sua formação acadêmica, mas também seu desenvolvimento pessoal, é um testemunho do impacto das oportunidades de internacionalização oferecidas pela instituição.

A conquista de Gabriel, anunciada em janeiro, já era motivo de orgulho para o campus. Ele foi um dos dois únicos estudantes de todo o IFTM a serem contemplados com a bolsa integral do programa, no valor de R$ 33 mil, que cobriu todas as despesas da viagem. A seleção, organizada pelo Centro de Idiomas e Relações Internacionais do IFTM, foi rigorosa, avaliando desempenho acadêmico, participação em projetos e a condição socioeconômica dos candidatos.

Antes mesmo de embarcar, Gabriel já demonstrava ter uma visão clara de seus objetivos e a proatividade como marca registrada de sua trajetória. Em entrevista na época, ele afirmava que o intercâmbio era uma meta traçada antes mesmo de ingressar no IFTM. “Ao longo desses três anos, eu sempre fiz as coisas muito com isso em mente”, revelou, destacando como sua participação ativa em projetos e comissões foi fundamental para sua classificação.

Agora, de volta, Gabriel trouxe na bagagem muito mais do que lembranças. Ele compartilha uma perspectiva ampliada sobre educação, cultura e crescimento pessoal, reforçando o valor de programas como o Eurotunnel e deixando um roteiro inspirador para outros estudantes que sonham em alçar voos semelhantes. Sua jornada, do planejamento à vivência, é um exemplo prático de como a dedicação e o aproveitamento das oportunidades podem levar a experiências transformadoras.

Primeiras Impressões: uma Cambridge verde e histórica

A chegada à Inglaterra foi o início de uma imersão em um cenário completamente novo. Após desembarcar no aeroporto de London Heathrow e percorrer uma viagem de uma hora e meia de táxi, Gabriel encontrou uma Cambridge que o encantou de imediato. “Assim que eu cheguei, eu percebi que a cidade, ela é muito verde, ela é muito vibrante. Ela tem muito uma cara sustentável. É uma cidade onde as pessoas se preocupam demais com a questão do aquecimento global”, relata.

Essa consciência ambiental se traduzia no dia a dia. “Preferir andar de bike, de bicicleta, ao invés de usar carro ou até mesmo ônibus, é bem popular. Praticamente todas as vias têm uma ciclovia”, conta.

Outro aspecto que chamou sua atenção foi o forte contraste com a capital, Londres. Enquanto a metrópole se rendeu aos arranha-céus, Cambridge preserva seu legado arquitetônico. “Diferentemente de Londres, eu achei, é uma cidade que faz muito esforço para conservar a arquitetura histórica. Você tem bairros inteiros de casas, aquelas casas bem clássicas, bem características da era vitoriana, castelos”, descreve. “Enquanto em Londres grande parte disso foi demolido para dar espaço a arranha-céus gigantes,”.

Aprendizado na Prática: uma imersão completa no idioma

A experiência acadêmica em Cambridge foi marcada por uma metodologia de ensino focada na imersão total. Segundo Gabriel, o objetivo principal não era apenas ensinar regras gramaticais, mas fazer com que os estudantes vivessem a língua inglesa em sua plenitude. “O principal deles lá não é ensinar uma matéria em específico, mas sim a língua. Qualquer atividade, por mais boba que seja, desde que você se comunique com alguma outra pessoa, desde que você se utilize da língua, te ajuda nessa imersão”, explica.

As atividades eram dinâmicas e interativas, levando o aprendizado para além da sala de aula. “Teve uma atividade em que a gente saiu pela rua, visitando pontos turísticos do centro da cidade, enquanto a gente fazia meio que uma caça ao tesouro. E isso era em times, então a gente tinha que se comunicar”, exemplifica. O contato com a comunidade local também era incentivado. “Tinha atividades em que a gente tinha que entrevistar nativos, para saber o que eles achavam da cidade, quais os problemas que eles achavam que a cidade tinha”.

A estrutura do curso, que contava com alunos estrangeiros e tinha a exigência de trabalhos em dupla, foram cruciais para o desenvolvimento das habilidades de comunicação. “Praticamente todas as atividades eram feitas em dupla, justamente para você ter ali alguém com quem conversar. Você era obrigado a usar a língua a todo momento e é isso que torna a metodologia de ensino eficiente. É o que te faz avançar bastante, principalmente nessas competências que a gente chama de competências ativas da língua, que é tanto a escrita quanto a fala, mas também um pouco de escuta”, avalia.

Conexões Globais: amizades que atravessam continentes

Gabriel conta que uma das maiores riquezas do intercâmbio foi o contato humano. A diversidade cultural da escola internacional permitiu que Gabriel criasse laços com pessoas de todo o mundo. “Eu conheci bastante gente, de praticamente todo lugar do mundo. Então, para cada continente que eu for viajar no futuro, eu vou ter pelo menos uma pessoa ali para ter um contato”, comemora.

Ele lembra com carinho de alguns dos amigos que fez, como um profissional de RH da França; uma colega da Turquia, com quem compartilhava muitos interesses; e até uma estudante chinesa que descreve como “super calorosa, super receptiva”. A convivência ia além dos colegas de sala e incluía pessoas da Arábia Saudita, Espanha, Suécia, Macau e de outros países da Ásia e América Latina.

A imersão se aprofundou ainda mais com a experiência de morar em uma casa de família, a chamada host family. Lá, Gabriel viveu o que chama de “quase uma experiência trilíngue”. Sua anfitriã, Sandra, nasceu em Cabo Verde, cresceu na Espanha e depois emigrou para o Reino Unido, enquanto seu companheiro era de Honduras. “Dentro da minha casa só se falava espanhol, praticamente”, conta, rindo.

Desenvolvimento Pessoal: a jornada para a autonomia e o senso crítico

Para Gabriel, que tinha 17 anos durante a viagem, o intercâmbio foi um rito de passagem para a autonomia. Lidar com um orçamento limitado, gerenciar as próprias tarefas e, principalmente, se locomover em uma grande cidade foram desafios que o forçaram a crescer. “Acredito que todo o processo de intercâmbio em si, de ser uma pessoa que aos 17 anos vai para um país novo, completamente novo, tem que se virar ali nos 30”, reflete.

Ele destaca a complexidade do sistema de transporte londrino como um teste decisivo. “Londres é uma megalópole praticamente, com um sistema de transporte extremamente complexo. Se você não conseguir se virar nos 30, você não consegue andar na cidade, você não consegue chegar no aeroporto e perde seu voo. Ou você se torna uma pessoa autônoma, nesse sentido, ou você não consegue fazer o intercâmbio”, afirma.

Além da independência, a vivência multicultural foi fundamental para expandir sua visão de mundo e aguçar seu senso crítico. “Esse choque de culturas te faz pensar de uma forma diferente. Você para um pouco para dar mais ouvidos às ideias daquela pessoa, à cultura daquela pessoa, e você meio que estoura a bolha do que você vive aqui no Brasil, pois percebe que nem todo mundo pensa igual. Isso acaba aguçando muito o seu senso crítico. Você consegue enxergar situações a partir de pontos de vista que você jamais ia ter acesso”, pondera.

Um Momento Inesquecível: a descoberta da praia em Brighton

Entre tantos momentos marcantes, um se destaca como inesquecível: a viagem a Brighton, uma cidade costeira no sul da Inglaterra. Para Gabriel, que nunca tinha visto o mar, a experiência foi duplamente especial. “Eu nunca tinha ido à praia. Acaba que a primeira praia que eu vi não foi no Brasil, eu tive que ir a mais de 12.000 km da praia mais próxima para ver o mar”, conta.

Brighton o cativou não apenas pela paisagem, mas pela sua atmosfera única. “Era uma arquitetura completamente diferente, até da própria Inglaterra. Brighton é uma cidade histórica que tem muita influência da cultura árabe, da cultura muçulmana”, explica. Além do legado histórico, a cidade pulsava com vida e diversidade. “Brighton é uma cidade cheia de vida de pessoas mesmo. É uma cidade que é considerada praticamente um refúgio LGBT dentro da Inglaterra. É uma cidade muito alegre, dá para se perceber isso nas ruas. Foi uma cidade com aqual eu me identifiquei muito”, revela.

Um Recado para o Futuro: proatividade é a chave

Ao final de sua jornada, Gabriel deixa um conselho direto e poderoso para os estudantes do IFTM que sonham em trilhar o mesmo caminho. A mensagem central é a proatividade. “Tenha a certeza de que você é uma pessoa proativa. Ser proativo e correr atrás é uma questão essencial para você conseguir pontuação suficiente para ser selecionado”, aconselha.

Ele incentiva os colegas a se engajarem ao máximo nas atividades que o Instituto oferece. “Eu acho um desperdício você ter passado na prova, ser selecionado, fazer sua matrícula, para você não aproveitar essas coisas, não correr atrás de fazer projeto, de fazer monitoria, de deixar a sua marca no campus, deixar a sua história”.

Para aqueles que têm o intercâmbio como meta, ele sugere planejamento e organização. “Se você quer fazer um intercâmbio, organize as suas ideias. Faça um mapeamento do que você tem que fazer para você chegar ao seu objetivo. Tenha o seu objetivo muito claro. Pesquise editais anteriores para saber o que você tem que fazer para chegar lá”, finaliza, reforçando que, com foco e dedicação, a experiência internacional está ao alcance de todos.

Compartilhe:

Notícias relacionadas