IFTM Campus Uberaba promove formação sobre justiça racial e direito antidiscriminatório
Crédito: Neabi
O IFTM Campus Uberaba realizou, no dia 4 de agosto de 2025, o curso “Tecendo a Justiça – Direito Antidiscriminatório e História das Relações Raciais”, voltado a servidores da instituição. A atividade foi conduzida ao longo do dia, com o objetivo de discutir a construção histórica do racismo no Brasil, suas consequências nas relações institucionais e os caminhos legais para a reparação e a promoção da equidade.
A abertura contou com a presença de Rutileia Maria de Lima Portes, substituta da Coordenação de Ações Inclusivas (CAID) e presidente do Cômite de Monitoramento das Ações Inclusivas do IFTM, que destacou a importância de formações com foco em direitos humanos. “É fundamental que a comunidade interna compreenda a estrutura do racismo e se mobilize coletivamente para desconstruí-la”, afirmou.
Djanira Oliveira, coordenadora de Relações Étnico-Raciais e Indígenas (CAERI) e presidente do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), afirmou que a formação “contribui para ampliar a escuta institucional e a consciência crítica, promovendo um entendimento mais profundo das desigualdades raciais e das possibilidades de enfrentamento no campo do direito”.
A programação incluiu dois momentos culturais que contribuíram para fortalecer as reflexões propostas ao longo do curso. Pela manhã, a atriz, contadora de histórias e arte-educadora Ana Elisa Gonçalves Porfírio apresentou a cena "Meu canto é um grito", trazendo questões sobre identidade, resistência e memória. À tarde, o professor Mauro Cristiano de Paula Silva declamou a poesia "14 de maio", de autoria de Lazzo Matumbi, reforçando as conexões entre arte, história e luta antirracista.
As atividades formativas foram conduzidas pelos professores Flávio Muniz e Vanilda Honória dos Santos. No período da manhã, os participantes refletiram sobre o conceito de raça, a institucionalização do racismo e os processos de criminalização da população negra. Já no período da tarde, a programação foi dedicada à apresentação de marcos legais e práticas de justiça restaurativa, com estudos de caso voltados ao contexto educacional.
Para o diretor-geral do campus, Bruno Pereira Garcês, é papel das instituições públicas incentivar a escuta ativa e o pensamento crítico sobre temas estruturantes da sociedade. “A justiça racial deve ser compreendida como parte da formação cidadã. Iniciativas como esta precisam estar presentes no cotidiano escolar, com ações contínuas de sensibilização e transformação”, declarou.
A professora Marvile Palis Costa Oliveira destacou a relevância do curso para a prática docente. “Participar do curso foi uma oportunidade valiosa para aprofundar reflexões sobre práticas pedagógicas comprometidas com a equidade e os direitos humanos. A temática abordada é fundamental para fortalecer uma atuação docente atenta às dinâmicas sociais e históricas que atravessam o cotidiano escolar. Iniciativas como esta reafirmam o papel da instituição na promoção de uma educação transformadora e inclusiva.”
O professor Maicon Vinícius da Silva Carrijo também compartilhou sua avaliação: “Momentos como este são fundamentais para fomentar a reflexão e o debate sobre os desafios vivenciados na sociedade e no campus, capacitando-nos para a tomada de decisões e para ações capazes de combater diferentes tipos de discriminação, bem como suas consequências.”
Para Ana Carolina Portella Silveira, a atividade favorece a construção de uma prática pedagógica mais crítica e representativa. “Participar deste curso foi fundamental para que docentes compreendam como o racismo estrutural impacta o cotidiano escolar e as vivências dos adolescentes. Essa formação permite repensar práticas pedagógicas, identificar desigualdades e agir de forma consciente para promover um ambiente mais justo, acolhedor e representativo. Mais do que ensinar conteúdos, é papel do educador formar cidadãos críticos e comprometidos com a equidade racial. Uma educação antirracista começa com a escuta, o conhecimento e o posicionamento ativo dos professores.”
A formação integrou o calendário de ações do Neabi e da CAERI, com foco na promoção da equidade, da escuta e da reflexão institucional sobre as desigualdades históricas que ainda atravessam o cotidiano brasileiro.