Alunos do IFTM Campus Patos de Minas ganham concurso de redação com a produção de poema sobre o tema “Patrimônio Cultural de Patos de Minas"
Crédito: IFTM Campus Patos de Minas
No dia 15/08/25, ocorreu a cerimônia de premiação dos estudantes ganhadores do concurso “Prêmio Poema na Escola”. O concurso faz parte do Festival "Patrimônio Cultural”, promovido pela prefeitura de Patos de Minas. Poderiam se inscrever na competição escolas públicas e privadas da cidade nas seguintes categorias: anos iniciais do ensino fundamental (4º e 5º anos apenas); anos finais do ensino fundamental; e ensino médio, sendo três estudantes premiados em cada segmento, junto aos respectivos professores.
O IFTM Campus Patos de Minas participou com a produção de Poemas e “monopolizou”, pela segunda vez, a premiação na categoria ensino médio, levando para casa as três primeiras colocações. Isso porque, em 2023, com o tema “Patrimônio Cultural de Patos de Minas: Cultura Afropatense”, o IFTM também conquistou os três primeiros lugares no mesmo concurso com o gênero textual Carta Aberta. Na ocasião, os textos selecionados foram muito elogiados pelo secretário de cultura, segundo o qual as produções textuais poderiam ser consideradas “verdadeiros tratados” sobre a cultura afrodescendente.
Vale destacar que a premiação, tanto em 2023 como em 2025, foi em dinheiro: Neste ano, os valores pagos foram: 800,00 (1ª lugar); 500,00 (2º lugar) e 300,00 (3º lugar). Desta vez, a aluna Natália Stéfani Pereira (TAI3) conquistou a primeira colocação com o poema “Relicário de memórias”; Ian Alves Teixeira (TAI3) alcançou a segunda posição com o poema “Patos, a joia de Minas”; e JhullyeMarianny Conrado da Silva (TLI3) ficou em terceiro lugar com o poema “Patos de Minas: um balaio de tradições”. Todos os três estudantes foram orientados pela professora Andréa Cristina de Paula, que também recebeu o prêmio de 1.600,00 pelo acompanhamento e pela orientação dos alunos premiados.
A premiação foi entregue por Geenes Alves da Silva, técnico historiador da Dimep – Diretoria de Igualdade Racial, Memória e Patrimônio. Na ocasião, a estudante Natália Stéfani foi convidada a realizar a leitura do poema vencedor do concurso. Segundo ela: “Busquei inspiração nos cenários urbanos, nas lendas, nas tradições religiosas e culturais da cidade. Considero importante explorar esses aspectos na escrita, exaltando o patrimônio cultural de Patos de Minas.”
Nesse sentido, mais que uma competição de escrita, o concurso de redação representou para o IFTM uma valiosa oportunidade de dar maior visibilidade à tradição cultural de Patos de Minas. Além disso, os jovens estudantes, por meio de discussões e pesquisas sobre o tema, além de aprender mais sobre o gênero poema, puderam expressar liricamente sua visão crítica acerca da relevância do patrimônio cultural de Patos de Minas.
O IFTM parabeniza a Dimep pela iniciativa da realização do concurso, o qual abriu espaço para a valorização do patrimônio material e imaterial do município patense, e também os estudantes participantes e a professora Andréa pela condução de todo o processo.
A seguir, os textos poéticos produzidos pelos estudantes.
Relicário de Memórias
Natália Stéfani Pereira
No coração da cidade, onde a alvorada murmura,
Repousam memórias sob o véu das calçadas.
Ali, cada pedra, cada ruga, em sua estrutura,
É um relicário de eras silentes e consagradas.
Lá no Coreto, ressoam sons que o tempo calou.
Silêncio...
E o sino da catedral, com seu espectro de bronze e com a
brisa,
Ainda canta o que o passado em nós selou,
Sob o olhar grave da casa de Maciel, que o eterniza.
E, na penumbra das festas que a alma incendeia,
Desfilam saberes, tecidos em cantos ancestrais;
Mãos calejadas que ofubá amassam e que semeiam
Preces bordadas em fiapos de ritos imortais.
Nos festins locais, reluz a Festa do Milho
Evento que não é apenas uma celebração;
É rito, é oferenda, é resgate de chão e essência.
É o povo inteiro, feito poema em procissão,
Tecendo a eternidade com fios de resistência.
Ah, cidade de brumas, de vozes veladas,
Que guarda o invisível sob panos de devoção…
Mesmo as fachadas de velhas casas habitadas
Conjugam segredos em cada dimensão.
Entre ladainhas, ecos e cantilenas,
Patos de Minas se descortina em rito sutil.
Não apenas em templos de colunas serenas,
Mas nos rituais humildes do afeto febril.
E há mais!
Sob a ponte do Paranaíba, o tempo hesita
Rente às águas que escavam ausências na margem
Ali, cada passo ressoa como prece bendita,
E o rio carrega sossego em sua viagem.
No sopé do Mocambo, o barro conserva segredos…
As paredes se expandem, como se ainda vivessem.
O passado caminha com passos quedos,
E mãos de entes moldam o que os dias esquecem.
Adiante, a Mulher de Sete Metros se ergue ao céu,
Figura de lenda ou vigília petrificada?
No fim, ninguém lhe pergunta por que seu pranto é tão
cruel,
Mas todos pressentem sua dor silenciada.
Lá na Lagoa grande, espelho antigo da memória,
Onde o entardecer se derrama em tons de ouro,
Crianças correm, e a água vai guardando história
Daquele tempo que não volta… e que mora no couro.
E quando a noite declina sobre o véu do teatro…
O Leão, em sua forma Formosa, desperta em memória.
Lá dentro, o tempo se curva ao gesto abstrato
E a voz que se cala ainda entoa sua história.
E por fim, Santo Antônio! Das promessas e das
flores…
Habita a fronte das senhoras em romaria.
É mais do que santo: é semente de amores,
É o guardião de uma fé que jamais se esfria.
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Patos, a joia de Minas
Ian Alves Teixeira
Por entre vastos vales e verdes planaltos
Ouço o Paranaíba me chamar do alto
Um lugar cheio de memória e de tradição
Plantada entre cerrados e colinas
Refiro-me a esta cidade de Minas
Patos de Minas, este é o meu chão!
Aqui, uma vasta paisagem
Tal como miragem
Vejo com emoção.
Tranquilo admiro
Assim como as árvores
O Coreto na praça
Onde inicio a minha direção.
Presto atenção nos mínimos detalhes
E contemplo as casas antigas
Como a de Olegário Maciel.
Tateio com os olhos os pequenos entalhes
Da linda arquitetura
Que guarda em sua estrutura
O que não cabe no papel.
Ao lado das construções
A majestade das artes se apresenta
Rugindo a potência da “cidadela da rosa”
Símbolo de valorização dos artistas da terra
Palco de diversidade cultural que impera
O Teatro Municipal Leão de Formosa.
Me viro um instante e percebo ao lado
O monumento sagrado da Igreja Matriz.
Em junho o povo celebra animado
E Santo Antônio abençoa essa gente feliz.
Avisto de longe outros encantos
Como o Parque do Mocambo, o pulmão desse lugar
O qua-quá dos patinhos alegra as crianças
Que nos pedalinhos, cheias de esperança,
Sorriem para o sol que está a brilhar.
As famílias também caminham na Orla da Lagoa
E alimentam os peixinhos como num sonho encantado.
E, se a fome bater e der vontade de comer uma pamonha boa,
Basta a pessoa dar um pulo até a Pamonharia do Aguinaldo.
O homem patense carrega em seu balaio
O suor do seu trabalho que é a sua identidade;
A mulher ergue a sua coroa para muito além da Fenamilho
Pois se revela rainha não só na beleza, mas também em
dignidade.
Exemplo dessa realeza são as Marias Artesãs
Que embalam seus filhos todas as manhãs
E da palha do milho constrói sua arte.
Tudo que listei aqui são maravilhas reais
São patrimônios concretos e também imateriais.
A folia de reis, as congadas, as lendas e as histórias
Fazem parte das minhas memórias
E dos meus ancestrais.
Feliz sou eu que carrego nas veias
O ouro das raízes mineiras
Esta cidade que acolhe e que ensina
Patos, a joia de Minas
Que não esqueço jamais.
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Patos de Minas: um balaio de tradições
Jhullye Marianny Conrado da Silva
É Patos não só de Minas.
É Patos o meu lugar.
É Patos o nosso lar.
E hoje suas maravilhas
Em versos irei contar.
É Patos de amor à arte,
como a música sertaneja.
Jack compôs Menina da aldeia
Que era feia e hoje apresenta a todos
os seus encantos de beleza.
Artistas por aqui
se encontram por toda parte
A palha do milho nas mãos das Marias artesãs
Transforma-se em verdadeira obra de arte.
É Patos de atividade.
Em vez de “cismar sozinho à noite”
o povo não fica à toa;
vai pra Orla da Lagoa
fazer a caminhada da tarde.
É Patos de fazer festa.
E quando maio dá as caras
caras novas vêm visitar.
É Patos cidade do milho.
O parque fica animado
e alegre põe-se a cantar.
É Patos da culinária, da pamonha
Do queijo fresco com café – sempre ao gosto do freguês.
É Patos do feijão tropeiro
Do arroz carreteiro
Dos festejos mineiros
Como a Folia dos Reis.
É Patos a sua história
Que guarda a memória de seu povo e de seus ancestrais.
Leão de Formosa e a Praça do Coreto
Todos os anos são palco
De sonhos, de arte e cultura
De talentos artísticos de Minas Gerais.
É Patos riqueza e diversidade:
Congadas, terços, louvores e axé.
É terra de um povo de simplicidade
É berço de gente de fé
Que se expressa em diferentes linguagens.
É Patos um balaio de lendas e tradições:
A mulher de sete metros sobrevive a várias gerações.
Domingo é dia de no Mocambo passear
De atravessar a ponte do Rio Paranaíba
De ir à Igreja Santo Antônio rezar.
Rezar, pedir e agradecer
Pela graça de viver nesse cerrado mineiro
Tão cheio de belezas naturais.
Como é maravilhoso o agir divino
Presente nas festas juninas
Essa tradição que anima
A cidade e seus arraiais.
É Patos de relaxar.
Sentar no banco da praça
observando quem passa
sentindo a brisa soprar.
Feliz é Minas por ter Patos.
Mesmo sendo engraçado
ser Patos sem muitos patos,
por esses e outros fatos,
é ótima pra se morar.