De olho no espaço

Equipe do IFTM Campus Uberlândia Centro está entre as dez melhores da cidade no NASA Space Apps Challenge

Projeto de detecção de exoplanetas com inteligência artificial garante destaque global e inspira novos estudantes
Publicado em 30/10/2025 11:26 Atualizado em 03/11/2025 09:53
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Equipe Gauss’n’Roses, que conquistou destaque no Desafio da Nasa
Equipe Gauss’n’Roses, que conquistou destaque no Desafio da Nasa
Crédito: Divulgação

O Campus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), obteve destaque no NASA Space Apps Challenge 2025 de Uberlândia. A equipe Gauss’n’Roses, formada por estudantes do curso técnico em Desenvolvimento Integrado ao Ensino Médio do campus, esteve entre as dez melhores entre aquelas que participaram do desafio na cidade. Com o resultado, eles ganharam o título de nomeado global (global nominee) e ainda conquistaram a oportunidade de competir na etapa global, cujos finalistas serão anunciados no dia 26 de novembro.

Formada pelos estudantes Adan Richard Campos, Alejandro Acelino Calábria, Caio Gabriel Silva Almeida, Clara Lindemann Rezende Macedo, Rebeca Peres Ferreira e Vitória Sophia Brígido Carvalho Neves, todos do 2º ano, a equipe Gauss’n’Roses escolheu o desafio “Explorando Exoplanetas com Inteligência Artificial”. Com o objetivo de acelerar a descoberta de novos mundos, a equipe desenvolveu o projeto "Eyes Beyond the Sky".

A iniciativa abordou um dos grandes gargalos da astronomia moderna: a análise manual e demorada de imensos volumes de dados coletados por missões como a Kepler, da NASA. Para resolver esse problema, os estudantes criaram um modelo avançado de Inteligência Artificial (IA) capaz de automatizar a identificação e classificação de exoplanetas, tornando o processo mais rápido, eficiente e preciso, e auxiliando cientistas a desvendar os mistérios do universo.

O resultado da etapa de Uberlândia do NASA Space Apps Challenge foi anunciado no dia 21 de outubro, em live transmitida pelo canal da Uber Hub, com participação de Gabriel Chayb, organizador do evento e campeão global em 2024. Durante a divulgação do resultado, os estudantes do Campus foram elogiados pelos juízes. “Muito criativo o projeto deles. É um projeto que realmente traz orgulho para a nossa cidade. O projeto deles se destacou pelos critérios técnicos, eles realmente tentaram inovar na arquitetura. É um projeto que se destacou muito pela ousadia e inovação”, afirmou Chayb durante a live.

O desempenho expressivo rendeu à equipe o direito de seguir para a etapa global da competição, onde concorrem projetos de mais de 450 cidades do mundo. Para a professora Crícia Felício, organizadora do evento no Campus e incentivadora da participação dos alunos, o resultado tem impacto direto na formação dos estudantes. “O fato de nós termos uma equipe entre os classificados para a etapa global é inspirador para outros alunos, porque eles conseguem perceber que alguém próximo, da mesma instituição, conseguiu essa classificação. E foi uma classificação admirável, considerando que eles são alunos do técnico integrado”, destacou.

Explorar exoplanetas com inteligência artificial

O NASA Space Apps Challenge é um hackathon global que desafia equipes de estudantes, cientistas, engenheiros e entusiastas da tecnologia a desenvolver soluções inovadoras para problemas reais enfrentados pela NASA. Em 2025, o evento ocorreu entre os dias 4 e 5 de outubro, mobilizando mais de 95 equipes em Uberlândia, das quais 16 eram formadas por alunos do IFTM Campus Uberlândia Centro.

A equipe Gauss’n’Roses escolheu o desafio “Explorando Exoplanetas com Inteligência Artificial”, que propunha a criação de ferramentas capazes de identificar e analisar planetas fora do Sistema Solar utilizando dados abertos da NASA. O diferencial técnico do projeto reside em sua arquitetura inovadora, que combina múltiplos modelos de aprendizado de máquina.

Segundo o líder da equipe, Alejandro Acelino Calábria, o grupo desenvolveu um sistema completo com inteligência artificial e visualização 3D. “A gente propôs um site no qual teríamos uma ambientação 3D sobre o sistema planetário desses exoplanetas, mas o principal mesmo entra na inteligência artificial. A partir dos dados técnicos sobre um determinado exoplaneta, a IA ia determinar se é de fato um exoplaneta ou alguma anomalia, como um meteoro que passou por ali. A ideia é usar a IA para determinar as leituras de um exoplaneta”, explicou Alejandro.

“A gente usou o modelo de aprendizado de inteligência artificial chamado de machine learning. Só que a gente não só pegou uma machine learning convencional, a gente aprimorou essa arquitetura com outras técnicas de programação. Usamos várias esferas de programação e unificamos tudo em um único algoritmo. E deu certo. Ampliou o desempenho da nossa IA e esse foi o principal motivo pelo qual nosso projeto se destacou”, detalhou o estudante, que ainda elogiou a capacidade técnica dos integrantes do grupo e destacou que o grupo tinha tarefas muito bem definidas, favorecendo o trabalho em equipe.

Formação, inspiração e futuro

Para além do resultado, o evento consolidou o IFTM como espaço de experimentação e aprendizagem ativa em ciência e tecnologia. “Mesmo os grupos que não foram classificados tiveram uma experiência incrível de participar do hackathon. A ideia de que você tem 48 horas para, junto com os outros membros da equipe, propor uma solução, trabalha várias habilidades e isso está muito dentro da formação que nós temos como propósito proporcionar”, disse Crícia, que ainda explicou que os estudantes integrantes do grupo que ficou entre os 10 melhores usou habilidades aprendidas no curso de Desenvolvimento de Sistemas, mas também foram além do conteúdo curricular.

A professora afirma que o impacto foi imediato. “Temos equipes que participaram este ano e que já estão pensando em como vai ser o ano que vem, que querem participar novamente, querem participar de outras competições, de outros hackathons. Eu estou muito feliz com o resultado deles. E, quem sabe, a gente não tem a possibilidade de ganhar a fase global também?”, vislumbra.

Para o líder da equipe, a experiência de participar de um desafio internacional trouxe lições que vão além da tecnologia. “Ficar 48 horas seguidas programando, conversando e vendo qual é a melhor solução para o problema foi uma experiência inacreditável. Às vezes aparecia erro, não sabíamos como resolver e ficávamos horas quebrando a cabeça. É algo que não dá pra descrever, você tem que vivenciar isso”, concluiu Alejandro, que ainda contou que as expectativas não estavam assim tão altas ao entregar o resultado.

“A gente não tinha uma expectativa muito alta, porque foi muito corrido para mandar o projeto. A gente não conseguiu submeter o projeto completo, mandamos só a IA, faltando segundos. E, por incrível que pareça, eles acharam essa ideia realmente inovadora”, concluiu.

IFTM como polo de inovação e formação tecnológica

O Campus Uberlândia Centro foi um dos locais polo da competição, oferecendo sua infraestrutura para que os alunos desenvolvessem seus projetos durante as 48 horas de maratona. A professora Crícia Felício explica que o sucesso do evento está ligado ao envolvimento institucional e ao apoio de toda a equipe do Campus.

“A equipe organizadora do evento veio até o campus e ministrou três palestras, duas para os cursos integrados e uma para a graduação. Depois, nós fomos um local polo e recebemos as equipes do Uberlândia Centro para desenvolverem o desafio no prédio do campus. Isso foi muito importante, porque os outros locais contavam apenas com o espaço físico e os nossos alunos não têm máquinas próprias para desenvolver os projetos. Então, o acesso à nossa infraestrutura foi fundamental”, explicou a professora, que ressaltou a importância do apoio ofertado pela gestão no desenvolvimento do Hackaton.

Durante a maratona, o campus manteve suas portas abertas por mais de 40 horas seguidas, com a colaboração de docentes que se revezaram para acompanhar as equipes. Professores e técnicos-administrativos se dividiram em turnos de seis horas para conseguir acompanhar todo o período de evento.

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