IFTM Campus Uberlândia Centro conquista quatro premiações no Ciência Viva 2025
Crédito: Divulgação
O Campus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), conquistou quatro premiações na Feira Ciência Viva 2025, realizada entre os dias 11 e 14 de novembro, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). As equipes do campus foram reconhecidas nas áreas de Biologia, Exatas e Humanas, com destaque para um primeiro lugar e múltiplas colocações em categorias distintas.
Ao todo, o Campus Udicentro obteve um 1º lugar, dois 2º lugares e um 3º lugar na categoria destinada ao Ensino Médio e cursos técnicos. O projeto que conquistou o primeiro lugar do pódio foi “Desenvolvimento de liga plástica de poliestireno expandido (EPS) para a conservação de insetos em coleções entomológicas”, que ficou em 1º lugar em Biologia – Grupo 2.
Além dele, foram premiados os seguintes projetos: “Aprendendo com as baleias: desenvolvimento de material didático multissensorial baseado na vocalização de baleias para a educação oceânica” (2º lugar em Exatas – Grupo 1); “Mulheres no Universo Geek: autoria de jogos digitais e HQ” (2º lugar em Humanas – Grupo 3); e “‘Quem defende o adolescente queer?’ — um estudo narrativo sobre a construção de identidade permeada pela literatura de Pedro Rhuas e Elayne Baeta” (3º lugar em Humanas – Grupo 3).
As colocações foram divulgadas pelo Museu DICA e o resultado completo pode ser conferido aqui. Confira abaixo mais informações sobre os projetos do Campus Uberlândia Centro que foram premiados.
Pesquisa transforma isopor descartado em material para preservar insetos
Coordenado pelo professor Gabriel Pereira Lopes, o projeto “Desenvolvimento de liga plástica de poliestireno expandido (EPS) para a conservação de insetos em coleções entomológicas”, classificado em 1º lugar na área de Biologia (Grupo 2), investiga alternativas acessíveis e sustentáveis para a preservação de insetos em ambientes escolares. A iniciativa utiliza o poliestireno expandido, popularmente conhecido como isopor, como base para a produção de uma liga plástica capaz de proteger exemplares entomológicos, reduzindo custos de manutenção e ampliando a possibilidade de uso didático das coleções. O trabalho também dialoga com práticas de educação ambiental ao reaproveitar um material de difícil decomposição e baixa taxa de reciclagem no Brasil.
No vídeo de apresentação gravado para o Ciência Viva, a estudante Giovana Cunha Sales Veríssimo explicou que a pesquisa envolve desde a coleta e classificação de insetos até os testes com diferentes solventes para produzir a liga plástica. “O objetivo geral do trabalho é produzir um produto capaz de aumentar a conservação de insetos e reduzir os cuidados de manutenção necessários para manter uma coleção entomológica a partir de uma liga plástica à base de isopor”, afirmou Giovana em vídeo enviado à feira. Ela destacou ainda os primeiros resultados dos testes. “Observamos que a liga plástica intensificou o brilho dos esqueletos e criou uma película de proteção transparente, sem alterar a morfologia dos indivíduos”, disse, ressaltando que a equipe ainda pretende avançar em novas etapas de avaliação.
Tecnologia multissensorial aproxima estudantes do universo das baleias
O projeto “Aprendendo com as baleias: desenvolvimento de material didático multissensorial baseado na vocalização de baleias para a educação oceânica”, classificado em 2º lugar na área de Exatas (Grupo 1), desenvolve um material didático acessível que combina modelagem tridimensional e vocalizações reais de diferentes espécies. A iniciativa busca ampliar as possibilidades de ensino de Ciências Biológicas e educação oceânica, especialmente para estudantes com deficiência visual ou pessoas autistas, oferecendo uma experiência tátil e auditiva que facilita a compreensão da anatomia e do comportamento desses animais.
No vídeo de apresentação enviado ao Ciência Viva, a estudante Mariana Moura Cabral destacou as etapas de construção do protótipo, que envolveram levantamento de requisitos, prototipação e avaliação do sistema. “O trabalho busca desenvolver um material didático multissensorial baseado nas baleias e sua vocalização para o ensino de Ciências Biológicas e cultura oceânica”, afirmou Mariana em vídeo gravado para a feira. Ela acrescentou que “o protótipo tem o potencial de ser um material educativo que permite, por meio da emissão tátil e auditiva, melhor compreender a anatomia das baleias e a função da vocalização na vida marinha”.
Autoria feminina impulsiona representatividade no universo geek
O projeto “Mulheres no Universo Geek: autoria de jogos digitais e HQ”, classificado em 2º lugar na área de Humanas (Grupo 3), investiga como estudantes do ensino técnico constroem suas identidades enquanto desenvolvem produções autorais no campo dos jogos digitais e das histórias em quadrinhos. A pesquisa é conduzida pelas alunas Clara Lindemann Rezende Macedo e Letícia Lacerda Alves, sob orientação da professora Gyzely Suely Lima, e discute como a formação em Programação de Jogos Digitais e Desenvolvimento de Sistemas se articula com questões de gênero, representatividade e igualdade de oportunidades — especialmente à luz do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5, voltado à igualdade de gênero.
No vídeo de apresentação enviado ao Ciência Viva, a professora Gyzely explicou que o estudo combina relato de experiências, análise de obras e produção prática. “Temos o intuito de fazer uma investigação sobre as experiências de construção de identidade dessas estudantes, permeada pela programação de jogos digitais e pelas histórias em quadrinhos”, afirmou em vídeo gravado para a feira. Ela destacou ainda que a pesquisa permitiu desconstruir estereótipos comuns no ambiente geek: “Durante a pesquisa, conseguimos desconstruir alguns estereótipos e estigmas que as próprias estudantes traziam consigo, identificados como preconceito estrutural e misoginia presentes nesses espaços de formação”.
Literatura contemporânea como caminho de identidade para adolescentes
O projeto “Quem defende o adolescente queer? – Um estudo narrativo sobre a construção de identidade permeada pela literatura de Pedro Rhuas e Elayne Baeta”, classificado em 3º lugar na área de Humanas (Grupo 3), investiga como a literatura LGBTQIAPN+ impacta a construção de identidade de adolescentes queer. Desenvolvido pelos estudantes Lorenza Herrera e Pedro Henrique Pires, sob orientação da professora Gyzely Suely Lima, o trabalho combina narrativas pessoais, leitura de obras literárias e análise teórica para compreender como temas como gênero, sexualidade, afetos e representatividade aparecem na vida dos jovens. A pesquisa também discute a escassez de livros LGBTQIAPN+ nos acervos escolares e articula seus resultados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 5 (Igualdade de Gênero) e 10 (Redução das Desigualdades).
No vídeo de apresentação enviado ao Ciência Viva, a professora Gyzely destacou que o estudo parte das próprias vivências dos estudantes. “A experiência pessoal de construção de identidade, gênero e sexualidade a partir da literatura contemporânea passa a ser o nosso contexto de pesquisa”, afirmou em vídeo gravado para a feira. Ela explicou ainda que o grupo identificou tensões recorrentes no processo de afirmação da identidade queer na adolescência, destacando a falta de representatividade no mercado editorial e nas escolas. A docente ressaltou que o projeto inclui intervenções no campus, como rodas de conversa e socialização das narrativas produzidas no diário de bordo, para ampliar o debate sobre diversidade e literatura.
Sobre a Ciência Viva
A Ciência Viva é uma exposição anual e municipal aberta ao público, reunindo estudantes da educação básica de instituições públicas e privadas de Uberlândia para a apresentação de trabalhos científicos. O tema deste ano da Feira foi “Planeta Água: a cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território ”
O objetivo da feira é divulgar e popularizar a ciência, promovendo a criatividade, a capacidade inventiva e a investigação científica como práticas de construção do conhecimento. Segundo o regulamento oficial do evento, os trabalhos são avaliados por grupo temático e por categoria de ensino, incluindo a Categoria C (Ensino Médio e cursos técnicos), em que o Campus Udicentro concorre anualmente.
