I Seminário sobre Trote, Bullying, Cyberbullying e outras Violências

A origem dos trotes estudantis se deu na Idade Média, por volta de 1400 nas universidades europeias, estendendo-se até os dias atuais, nas instituições de ensino superior e tecnológico. De acordo com Adorno (1995), para combater a barbárie, é necessário opor-se aos trotes, os quais provocam dor aos indivíduos com o fim de torna-los parte de grupos- violência esta, que antecede ao nazismo! Os Institutos Federais brasileiros, anteriormente colégios agrícolas, consistiram em palco nos quais os trotes eram institucionalizados e representavam forma de integração dos estudantes iniciantes aos colegas mais antigos na instituição. De forma similar, observam-se na contemporaneidade outras manifestações da violência na Educação, ganhando espaço com a disseminação das mídias digitais, por meio do bullying e do cyberbullying. Estas práticas de intimidação trazem sofrimento e prejuízos para a escolarização dos estudantes e ao trabalho de professores e outros profissionais da área educacional. Apesar de muitos eventos trágicos envolvendo mortes e mutilações relacionados a trotes, como a morte do estudante de Medicina da USP numa piscina em 1999, tivemos alguns avanços recentes no Brasil, como a Lei Antibullying 13.185/2015, promulgada pelo Senado Federal do e instauração de uma CPI da Assembléia Legislativa de São Paulo, que apurou denúncias de diversas violências praticadas dentro das universidades paulistas, também em 2015. Um dos resultados dessa CPI foi a proposta de criminalização do trote. O presente evento tem como objetivo promover reflexões acerca da barbárie relacionada às violências mencionadas, apresentando, ainda, propostas de Recepção de ingressantes nas escolas técnicas e na graduação, consideradas exitosas do ponto de vista de uma prática acolhedora, cordial e contrária aos princípios do bullying e dos trotes. Vivemos em tempos de exceção e obscurantismo no campo científico, social, cultural e político e de dores coletivas. Por isto mesmo, numa perspectiva da Teoria Crítica, na qual a Educação é considerada emancipadora, é que pensamos em um evento pleno de discussões teóricas, empíricas e apresentações artístico-culturais.