Sustentabilidade

Projeto “Piscicultura de Quintal” é desenvolvido no IFTM Campus Avançado Campina Verde

A aquaponia, sistema que preconiza a reutilização total da água, evitando seu desperdício e diminuindo a liberação de resíduos no meio ambiente, é utilizada na aquicultura proposta
Publicado em 17/10/2024 17:00 Atualizado em 17/10/2024 19:27
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Mosaico com quatro fotos do projeto Piscicultura de Quintal. Na primeira e na quarta foto vemos os tanques de criação dos peixes e a hidroponia. Na segunda foto, o professor Paulo apresenta o projeto ao reitor do IFTM, Marcelo Ponciano. E na terceira foto o professor Paulo posa para foto com visitantes do projeto.
Mosaico com quatro fotos do projeto Piscicultura de Quintal. Na primeira e na quarta foto vemos os tanques de criação dos peixes e a hidroponia. Na segunda foto, o professor Paulo apresenta o projeto ao reitor do IFTM, Marcelo Ponciano. E na terceira foto o professor Paulo posa para foto com visitantes do projeto.
Crédito: Ana Clara Santos Costa - Diretoria de Comunicação Social e Eventos do IFTM (DCSE/IFTM)

O projeto Piscicultura de Quintal, desenvolvido no IFTM Campus Avançado Campina Verde, foi pensado para beneficiar o pequeno produtor rural, mas, também, para aqueles que têm um espaço em seu quintal e vontade de produzir o seu peixe. Desse modo, o projeto visa atingir tanto a comunidade rural, quanto a periurbana e a urbana, por meio de uma aquicultura sustentável.

O professor Paulo Henrique Costa de Lima, da área de produção animal do IFTM Campus Avançado Campina Verde, nos conta que o projeto é considerado um sistema RAS (do inglês, Recirculating Aquaculture Systems, em português, Sistema de Recirculação para Aquacultura) onde a aquicultura de alta intensidade usa a água, trata a água e a reusa. “O próprio sistema trata os dejetos e os restos de ração. O peixe libera muita amônia, nitrito e nitrato, sendo a amônia e o nitrito as moléculas mais tóxicas para esse peixe. Esse sistema que utilizamos consegue eliminar, através da decantação das moléculas, depois acontece a quebra dessas moléculas, ligadas à parte de amônia e nitrito, transformando em nitrogênio para a atmosfera”, explica o professor.

Neste sistema, essa água também é utilizada na hidroponia, que é uma técnica de cultivo de plantas sem o uso de solo, que consiste em manter as raízes das plantas submersas em uma solução de água com fertilizantes. “Assim, fechando o sistema integrado de uso, com o tratamento e reuso dessa água no sistema hidroponia, nós temos a aquaponia, beneficiando tanto a espécie vegetal como, também, as espécies aquáticas”, acrescenta Paulo, que, ainda explica que no sistema de aquaponia pode-se criar tanto peixe quanto camarões de água doce, algas e outros tipos de aquicultura. 

“Quando o sistema está bem equilibrado é possível que se consiga a produção de 70, 80, 90 quilos de peixe por metro cúbico, ou seja, por mil litros de água. Mas para isso é preciso ter um sistema altamente equilibrado em termos de oxigenação, de pH, alcalinidade, um peixe de genética boa, uma ração boa também. Deixando claro que estamos falando de tilápia, que, no Brasil, é uma cultura muito grande e que vem crescendo, uma vez que o pacote tecnológico dela já é altamente consolidado, na genética, na nutrição, na sanidade desse animal” explica o professor, que diz que o sistema é bem interessante para o pequeno produtor, por ser altamente sustentável e de baixo custo.

Lima ainda conta que, além da piscicultura e da hidroponia interligadas, eles também cultivam o cereal hidropônico. No caso deles, o milho. “Esse grão não fica imerso na água o tempo todo, igual fica uma hortaliça, ele é abastecido com água, com pulverização regular. E esse cereal pode ser utilizado como alimento alternativo para substituir a ração, na criação de frangos, de galinha caipira, de suínos, de pequenos ruminantes e até grandes ruminantes também”.

Paulo também falou sobre a potencialidade de produção de tilápia no Triângulo Mineiro, especificamente, em Campina Verde: “o Paraná é, hoje, o maior produtor de tilápia do Brasil, sendo um estado que, por cerca de 6, 7, 8 meses, o clima não é favorável. Aí vejamos aqui na nossa região do Triângulo e trazendo, mais regionalmente, para Campina Verde, temos um potencial grande. Nosso clima é favorável o ano inteiro. E como estamos falando de um sistema de aquaponia, mesmo com a escassez hídrica é possível trabalhar bem esse recurso e conservá-lo”. 

O professor também falou que o que falta é direcionamento e incentivo para os pequenos produtores. “O pequeno produtor não terá acesso a grandes áreas de terra para produzir soja, cana. Então, se tivéssemos políticas públicas para incentivar a piscicultura, por parte da Prefeitura ou do Ministério da Agricultura, seria excelente”.   

Paulo encerra contando que "estamos conseguindo deixar a parte da piscicultura, da aquaponia mais redonda, assim já podemos começar a ofertar minicursos. Um curso FIC de aquicultura, ou algo assim. Porque hoje já temos estrutura para mostrar como é que funciona o sistema”. E encerra afirmando que é preciso que o poder público olhe e crie mais oportunidades para o pequeno produtor. Caso eles tivessem esse apoio, nossa região poderia ser destaque na produção de tilápia, um alimento saudável, nutritivo e com baixo impacto ambiental, ainda mais com esse sistema de circulação e tratamento dessa água”.

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