Programa “Extensão que Transforma” realizou sua primeira entrega de produtos à sociedade
Crédito: Diretoria de Comunicação Social e Eventos do IFTM - Lorenna Bonifácio
Foi realizada na última segunda-feira, 17 de março, no IFTM Campus Uberaba, a primeira entrega de produtos do Programa Extensão que Transforma, uma parceria do Instituto Federal do Triângulo Mineiro e com a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Uberlândia (DRF/Uberlândia), que tem como finalidade unir conhecimento acadêmico e sustentabilidade para reaproveitar materiais que não podem ser comercializados, capacitar entidades sociais e promover, assim, impacto positivo nas comunidades, dando um novo destino a produtos apreendidos que, antes, seriam destruídos ou incinerados.
Estiveram presentes 5 instituições, das 17 cadastradas para receber os kits de vestuário, que continuaram a ser entregues ao longo da semana. Além deles, estiveram presentes a equipe da Receita Federal (Delegados, Auditores e responsável pela Comissão de Descaracterização) e do IFTM (Reitor, Pró-reitores, Diretores Gerais dos campi Uberaba e Uberaba Parque Tecnológico), além de membros do Diretório Central dos Estudantes do IFTM (DCE).
A Pró-Reitora de Extensão e Cultura do IFTM, Danielle Freire Paoloni, destacou a importância da parceria entre o IFTM e a Receita Federal, agradeceu a presença de todos, especialmente das instituições do terceiro setor que participaram dessa primeira ação do programa. “Agradeço muito a presença de vocês, que participaram de um edital chamamento público, onde alguns critérios foram cumpridos. Hoje nós temos aqui cinco instituições, amanhã vamos receber mais cinco aqui no Campus Uberaba. Mas o programa vai além, nós temos instituições cadastradas em todas as cidades que temos campus, que são as mesmas cidades que a Delegacia da Receita Federal de Uberlândia atua, concluiu Paoloni, que avisou aos presentes teria, também, a apresentação de alguns produtos que foram feitos nos laboratórios do IFTM, a partir de mercadorias apreendidas e repassadas pela Receita Federal, como álcool em gel, produzido a partir de whisky; aromatizadores, produzidos a partir de perfumes e vodka; além da degustação de geleia e iogurte, produzidos a partir de vinhos.
Luiz Cláudio Martins Henriques, Delegado da Receita Federal em Uberlândia, ressaltou a relevância da parceria firmada entre as instituições e destacou a importância da extensão nas instituições de ensino superior: “Extensão que Transforma é um trabalho de extensão, que é um dos pilares do Ensino Superior. Fazer programas de extensão é colocar em prol da sociedade aquele conhecimento que é produzido dentro dos Institutos Federais e aproximar a instituição da sociedade”.
Henriques, também falou sobre como a Receita Federal lidava com as apreensões de mercadoria antes do Extensão que Transforma. Pegando um dos itens apreendidos pela Receita Federal em mãos, disse: “esses itens entram no país de uma maneira irregular, passando pelas nossas fronteiras, sem pagar os impostos de importação. Isso gera uma concorrência desleal. E, além do dano causado ao empresário que comercializa produtos legalizados, gera um dano para a sociedade. E quando a gente aprendia essas mercadorias fazia o quê com elas? O descarte nos aterros sanitários das prefeituras ou a incineração por empresas especializadas. Apesar da preocupação com o meio ambiente, era o que podíamos fazer”.
O Delegado então falou como tudo mudou com a aproximação das instituições públicas de Ensino Superior. “A gente começou a perguntar para elas: ‘dá para fazer alguma coisa com um whisky desse aqui (pegando uma garrafa de whisky que estava em exposição), que não seja eu abrir e despejar na terra? Dá para fazer alguma coisa com esse vinho (também em exposição)?’ E então começaram a surgir mágicas. A verdade é que eram mágicas, porque, veja, do vinho a gente produzir um iogurte!? Olha, para mim, isso realmente é mágico. Dar um destino útil a alguma coisa que seria inútil, que danificaria o meio ambiente ou geraria um custo muito grande para o próprio estado. Eu só tenho a agradecer a vocês porque, realmente, o iogurte é pioneiro nessa atividade, encerrou entusiasmado com a capacidade que a academia tem de criar, de inovar e de transformar, de fato, alguma coisa em algo útil para a sociedade.
Quanto aos kits de vestuário que estavam sendo entregues, Luiz Cláudio disse que também foram apreendidos. “Os vestuários são a mesma coisa, entram no país, também, de maneira ilegal. E não podem ser comercializadas, então teriam que ser destruídas. Mas agora elas podem servir para pessoas que precisam. Outra mágica que o IFTM está ajudando a fazer. Vai ser feita a descaracterização desse vestuário, ou seja, será retirada a marca e qualquer característica que identifique a mercadoria, como etiquetas, desenhos, bordados, nomes e logomarcas e, assim, poderão ser repassadas para aquelas pessoas carentes, por meio das instituições cadastradas no programa”, explicou o Delegado, que encerrou sua fala reafirmando que a parceria será longa: “essa parceria, realmente, engatou. Contem conosco para dar seguimento a esse projeto. Vocês já estão sendo considerados, por nós, parceiros de primeira”.
Em nome do IFTM, o Reitor Marcelo Ponciano, agradeceu a parceria da Receita Federal e enfatizou o importante papel dessa instituição para a sociedade: “Vocês são agentes que têm um papel regulador, fiscalizador e ordenador na comunidade onde estamos inseridos e, ao encarar problemas e desafios, nos deram oportunidade de, junto com vocês, fazer uma evolução no processo de descaracterização de mercadorias. Parceiros como a Receita Federal, fazem com que a gente consiga fazer projetos transformadores como esse”.
Ponciano também destacou o papel do IFTM: “nós estamos dando um passo com excelência, onde além da descaracterização sustentável, também estamos cumprindo com a nossa missão de trazer uma educação de qualidade e usar todo esse processo de transformação para formar pessoas, formar cidadãos, para ensinar. Esse é o papel educacional e, também, o papel social da nossa instituição. Marcelo ainda agradeceu às instituições que estavam recebendo os kits: “muito obrigado por essa parceria, cada uma das entidades que aqui estão ou se qualificaram, por meio do edital e se propuseram a nos ajudar nessa tarefa. Juntos vamos fazer essa transformação cidadã. Esse é o nosso papel”.
A professora de Química Gislaine Fernandes e as discentes da Graduação em Química do Campus Uberaba, Maria Cecília Rezende de Souto e Julia Rayane Santos da Silva explicaram um pouco sobre o processo de transformação dos produtos. “Basicamente fervemos o vinho para evaporar o álcool. Após a redução, adicionamos açúcar e limão para trazer acidez”, explicou Maria Cecília sobre a confecção da geléia, que posteriormente foi utilizada para saborizar o iogurte, que já é produzido no campus. Já Júlia, trabalhou na produção de álcool em gel: “para transmutação do whisky em álcool gel foi necessário adicionar álcool de cereal ao processo, uma vez que o whisky tem 40% de álcool e o gel 70%. Também adicionamos fragrância utilizando os perfumes”.
“Nesse processo de transformação envolvemos muitos conhecimentos de química, então as meninas (Maria Cecília e Júlia) conseguiram aliar conhecimento teórico e prática”, afirmou Gislaine. A professora ainda explicou que dá para fazer inúmeras coisas, porém exige muito trabalho, pesquisas e testes. Mas, de forma mais rápida, conseguiram fazer a geléia, o álcool em gel e, também, aromatizadores, a partir de gins, vodkas e perfumes.
O professor Bruno Garcês, diretor-geral do Campus Uberaba reforçou o trabalho do IFTM na formação de pessoas: “Uma questão que eu gostaria de destacar, é que as duas participantes dessa primeira transformação são alunas da nossa graduação e egressas do curso Técnico em Química. Então, como uma instituição que oferta cursos de vários níveis, estamos pensando na formação de mão de obra, na formação de pessoas preparadas para o mundo do trabalho. E essa ação interinstitucional, irá nos proporcionar criar novos cursos de formação inicial e continuada (FIC), capacitando as instituições e preparando novos profissionais para o mercado de trabalho”.
Por fim, a professora Lívia Zanier, explicou que a doação dos kits de vestuário exigiu uma sistematização para que houvesse controle das peças doadas: “elaboramos um documento para cada instituição. Contamos e separamos as peças por tipos: calças, blusas, camisetas etc. Agora, com o auxílio dos padrinhos (servidores e alunos de graduação que acompanham cada instituição) faremos a recontagem das peças junto com os representantes dessas instituições e assinaremos os documentos”. Lívia também reforçou que as instituições só poderão utilizar as peças após a descaracterização delas, processo que será acompanhado de perto pela Receita Federal e pelo IFTM.
Após a degustação e experimentação dos produtos confeccionados pelo Campus Uberaba, os trabalhos de verificação e contagem das peças de vestuário tiveram início.