Eventos institucionais

Ecos da Ancestralidade: O V CONERER deixa um legado de diálogo em Patos de Minas

Evento transformou o campus e a cidade em um ponto de aquilombamento, onde heranças afro-brasileiras e indígenas encontraram e expressaram sua voz
Publicado em 02/12/2025 10:00 Atualizado em 02/12/2025 10:16
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Mosaico com três fotografias coloridas de atividades no V CONERER: 1. Roda de samba; 2. Mesa redonda; 3. Apresentação teatral
Mosaico com três fotografias coloridas de atividades no V CONERER: 1. Roda de samba; 2. Mesa redonda; 3. Apresentação teatral
Crédito: Letícia Estrela - Diretoria de Comunicação Social e Eventos do IFTM

Em Patos de Minas, as cortinas se abriram e um tapete cheio de expectativas foi estendido para um evento que transcendeu o acadêmico e se tornou um encontro de almas e histórias. Entre 24 e 26 de novembro, o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) Campus Patos de Minas sediou o V Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais (Conerer), uma celebração que reverberou as heranças afro-brasileiras e indígenas, firmando o compromisso da instituição com a educação e a equidade.

O congresso se desdobrou em camadas, começando com exposições que contavam narrativas antigas por meio de imagens e objetos. Ali, fotografias e artesanatos indígenas e afro-brasileiros se alinhavam em painéis, convidando olhares a percorrerem caminhos de memória e resistência. Cada peça parecia sussurrar histórias de origens, de lutas e de permanências que moldam o presente. Caminhadas reflexivas pela cidade e museus transformaram ruas e espaços em cenários de aprendizado e conexão.

O auditório abrigou mesas-redondas e apresentações, em que pesquisadores, estudantes e lideranças sociais compartilharam relatos. Talita Belizário, servidora do Campus Uberlândia e presidente das Comissões de Heteroidentificação, exaltou: "É um momento de grande alegria e de muita motivação para os estudantes, pois é um momento da gente celebrar todos os trabalhos, atividades, pesquisas feitas sobre a temática étnico-racial dentro do IFTM." Talita destacou também a participação de outras instituições, como o Instituto Federal do Norte de Minas, culminando em um "momento de aquilombamento" no IFTM Campus Patos de Minas para comemorar a cultura afro-brasileira.

Entre os participantes, a percepção do racismo estrutural, apesar da motivação, a complexidade do tema permaneceu como um ponto central.  Mariá, do Campus Ituiutaba, expressou: "Quando a gente vive a experiência, a gente percebe que o racismo está muito estruturado na nossa sociedade e isso é horrível. A gente percebe o quanto que vai ser difícil mudar. Mas estamos aqui tentando." Essa sensação de luta e esperança foi partilhada por outros. Gabriela, aluna de Informática do Campus Ituiutaba, ressaltou que o Conerer "não só faz a gente entrar nesse mundo, ele ensina cultura. Ele resgata saberes. Ele mostra pra gente uma realidade diferente. Faz a gente conhecer, faz a gente entender esse mundo melhor para que o futuro das novas gerações seja mais pacífico." Isabele, também de Ituiutaba, complementou: "Ele busca as heranças do passado e mostra como isso é importante até hoje em dia, como nada hoje seria igual se não tivesse acontecido o que aconteceu."

As performances artísticas pontuaram o evento, oferecendo um mosaico de danças, teatro, capoeira, artesanatos, culinária, desfile de moda, entre outros. Lorenza Herrera, estudante de Comércio do IFTM Campus Uberlândia Centro, sublinhou a importância dessas manifestações: "Acho muito importante essa representatividade da dança em lugares como esse, principalmente em âmbito escolar. Traz uma sensação de pertencimento, para as pessoas se sentirem mais inclusivas dentro da escola." compartilhou, refletindo sobre a importância de haver "ambientes como esse para a gente conseguir discutir sobre pautas tão importantes." A arte deu vida às narrativas.

O evento foi um ponto de encontro e motivação, conforme a percepção de Luiz Gustavo Máximo Santos, do Campus Uberlândia Centro: "Estar aqui no Conerer hoje significa para mim conexão e conhecimento. A oportunidade de estar aqui hoje traz tanta novidade para a minha mente, que é muito impactante.” Ele celebrou por se apresentar no palco, concluindo que é uma oportunidade que “Onde eu poderia mais fazer isso? Não tem outro lugar. Então, é realmente especial para mim. Vai estar guardado no meu coração."

A pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte, Daniele Paoloni, destacou a relevância da quinta edição: "É uma grande honra estar na quinta edição de um evento tão importante, com tanta representatividade e que se faz muito necessário.” Paoloni se emocionou com o engajamento estudantil: "Os alunos de todos os campi bastante coesos, juntos, um agraciando o trabalho do outro, torcendo pelo trabalho do outro O Conerer foi além do que ele nos traz. Ele mostrou também que eventos desse porte unem ainda mais a nossa instituição.", destacou Daniele.

O V Conerer não se limitou a sessões intelectuais; ele se estendeu para além, plantando sementes de mudança. As atividades incentivavam a ação, convidando cada um a questionar estruturas enraizadas e a imaginar caminhos alternativos. Era como se o evento construísse pontes, ligando o individual ao coletivo, o passado ao futuro. Participantes saíam com olhares renovados, carregando não apenas conhecimento, mas uma sensação de pertencimento a algo maior. O compromisso com a educação antirracista e intercultural se manifestava em cada detalhe.

Do ponto de vista institucional, o evento foi um marco. Flávio Caldeira, pró-reitor de Ensino, ressaltou que iniciativas como o Conerer, que unem pesquisa, ensino, extensão e políticas afirmativas, transformam o ambiente institucional e a sociedade. Flavio frisou que o congresso amplia o alcance de vozes historicamente silenciadas. Para Caldeira, o congresso de 2025 consolidou políticas educacionais dedicadas à diversidade, ao respeito e à formação de cidadãos críticos, transformando o ambiente institucional e a sociedade.

Assim, o legado do Conerer se estende, tecendo-se na trama diária do IFTM. Ele lembra que a educação é um ato de construção coletiva, em que cada voz conta e cada história importa. Em um mundo que muitas vezes silencia diferenças, eventos como esse abrem espaços para que elas sejam ouvidas, celebradas e integradas ao tecido social.

“Com o fechar das cortinas, o espetáculo chega ao fim.” Não! Não tem ponto final nessa peça – o Conerer 2025 foi apenas um capítulo em uma narrativa maior. A cena cultural e as sementes de diálogo continuam/continuarão a florescer nos corações e mentes de todos que vivenciaram essa jornada. Para a comunidade do IFTM, esse evento serve como um farol, guiando esforços contínuos para uma educação que abraça a diversidade em sua plenitude. O IFTM reitera seu compromisso com essa narrativa em andamento.

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